Património

2023-02-08

As paredes com largura de 4 metros que amorteciam bombas espanholas

 
Estamos no Forte de Santa Luzia, à entrada de Elvas com Badajoz à vista. Percorremos a parte da «contramina» que se encontra aberta ao público. São cerca de 150 metros onde se contam histórias de tempos de batalhas com o então inimigo espanhol, enquanto se revela a estratégia arquitectónica que permitiu à fortaleza resistir aos bombardeamentos

TEXTO | Roberto Dores

   José Martins, o guia do Forte de Santa Luzia, explica que a «contramina» feita pelas tropas portuguesas traduzia a resposta à «mina» feita pelo inimigo. Trata-se de um caminho subterrâneo habilitado a descobrir a mina do inimigo e a inutilizá-la. 


   «Os espanhóis faziam a mina da parte de fora para dentro, para tentarem destruir a fortaleza. Mas os soldados portugueses pensavam o mesmo e faziam a contramina, de dentro para fora, para se defenderem», explica, à medida que vamos descendo e o pé direito do túnel vai aumentando.

   Ao início é preciso cuidado para não se bater com a cabeça no tecto, mas lá em baixo encontramos uma altura de cerca de dois metros. Para quê? «Para o ar que entra lá em cima, na porta, chegar aqui abaixo. É para o ar ventilar, se não morríamos aqui», enfatiza.

   Agora as paredes «indestrutíveis» para a época. O lado da contramina virado para Badajoz exibe uma parede com largura de quatro metros para amortecer as bombas que vinham de Espanha. «A parede do lado do monumento é de onde vem todo o peso», salienta, alertando como as pedras se cruzam no tecto. «Quanto mais pressão fizer o meio da abóbada, mais força faz nas bases. Isto já tem quatro séculos», resume José Martins.

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