Património

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ARRAIOLOS. Até a cocaria do rancho se abrigava no ´rei dos sobreiros´

 
O nome e a proeza já são conhecidos. A Sobreira Grande conquistou o concurso de Árvore do Ano. Ganhou a pulso o passaporte para representar Portugal numa espécie de Liga dos Campeões que vai eleger a Árvore Europeia de 2022. A votação começa em Fevereiro. E é "online".
 
Mas, afinal, que história tem acompanhado este enorme sobreiro, com 350 anos (mais coisa, menos coisa), situado entre os caminhos rurais da freguesia de Santa Justa (Vale do Pereiro), na Herdade da Parracha? Exibe 12 metros de altura e dá cerca de 80 arrobas de cortiça. 
 
Uma imponência morfológica que justificava a escolha da sua sombra para acolher a "cocaria do rancho", que garantia as refeições aos grupos de trabalhadores que laboravam na herdade. A cocaria era o conjunto de panelas de barro em lume de chão, onde se confeccionavam os célebres cozidos, pela mão da respectiva coqueira de serviço. 
 
Recuamos, pelo menos, ao início do século XX para relembrar os cozidos à base do osso de porco e plantas aromáticas. Carrasquinhas, catacuzes e acelgas. A coqueira tinha o papel primordial na organização do trabalho rural. Determinava o sítio do fogão, colocava as misturas nas panelas de barro e havia épocas do ano em que assegurava três refeições diárias. Já agora, também tomava conta das crianças, filhos dos trabalhadores rurais.
 
Episódios relembrados no momento da "vitória" da candidatura da Câmara de Arraiolos, com o apoio da proprietária da Sobreira Grande, Maria Isabel Eusébio Pinto, numa altura em que a autarquia já pensa em dar sequência ao reconhecimento nacional, procurando colocar a árvore entre a ”Rota do Montado” e outros circuitos pedestres, como revela José Manuel Pinto, representante da autarquia de Arraiolos.
 
Segundo avança a mesma fonte, "quer do ponto de vista da economia local, tendo em conta o montado como recurso natural e endógeno, quer do ponto de vista turístico, com a questão dos percursos pedestres e rota do montado, temos aqui um conjunto de acções que vamos desenvolver".
 
Aliás, o mesmo responsável recorda que a autarquia decidiu aderir ao concurso de Árvore do Ano, precisamente, "com o propósito de valorizar o território e o montado de sobro e azinho, enquanto património natural da nossa paisagem, onde subsiste uma actividade agro-silvopastoril importante  para o ambiente e para a biodiversidade, a qual urge preservar", resume. 
 

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