Património

2022-09-28

Como é que os Bonecos de Estremoz inspiraram a Padroeira do Brasil

 
Já sabíamos que a barrística de Estremoz é uma caixa de surpresas. Esta tarde confirmou a tendência. Ficámos a saber que os famosos bonecos, classificados pela Unesco, terão inspirado a imagem de Nossa Senhora Aparecida – Padroeira do Brasil - que foi encontrada por três pescadores no rio Paraíba, há 300 anos
 
TEXTO | Roberto Dores

 
Nossa Senhora Aparecida está alojada na Catedral Basílica de Nossa Senhora Aparecida, localizada na cidade de Aparecida, em São Paulo
   
   Sebastião Amoedo, Presidente do Conselho de Minerva (Brasil), que hoje visitou o concelho – ver texto em baixo - abordou, sobretudo, o momento da passagem da comitiva pelo Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz, destacando as comparações entre a Senhora Aparecida e o figurado estremocense.
 
   Escutemos o professor: «Há uma certa evidência científica de que a imagem de Maria que foi encontrada no rio Paraíba do Sul e que é a nossa padroeira tem grandes semelhanças com estes bonecos. Se não tiver uma origem física em Estremoz, tem uma origem imaginária no seu figurado. Penso que podemos dizer que a padroeira do Brasil saiu de Estremoz», sublinhou.

   Hugo Guerreiro, do departamento de cultura da Câmara de Estremoz, explica esta ligação da barrística ao Brasil, à boleia das «paulistinhas» - arte sacra em barro – que ganharam tradição no Vale de Paraíba, precisamente inspiradas nos bonecos de Estremoz. «O Museu de São Paulo tem uma boa colecção dos nossos bonecos, porque eram feitos aos milhares e seriam levados para as colónias. No século XVIII a saída era tão grande, que era natural que as pessoas as tentassem imitar por lá», sublinha.

Eduardo Basso, Hugo Guerreiro e Sebastião Amoedo na visita ao Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz  

   Ainda assim, ressalva que a técnica das paulistinhas é diferente da de Estremoz, embora a estética do boneco seja semelhante. «Depois da independência  cessou o grande fluxo comercial e é natural que as paulistinhas tenham crescido em termos de produção. Esta nossa ligação ao Brasil é muito interessante», avança o mesmo responsável.

    Hugo Guerreiro dá ainda conta que têm surgido cada vez mais brasileiros interessados no processo de salvaguarda e valorização que tem sido desenvolvido em torno do figurado estremocense.

Património que se projecta lá fora
 
A visita do Conselho Minerva a Estremoz e Évora Monte inscreveu-se nas comemorações dos 200 anos da criação do império do Brasil, dos 190 anos do desembarque do Mindelo e dos 188 da Convenção de Évora Monte. A episódios que marcaram a restauração do reino Constitucional de Portugal.

 «Estremoz é surpreendente. Não imaginava encontrar tudo isto. Vamos falar desta cidade e deste património no Brasil» destacou Sebastião Amoedo, enquanto Eduardo Basso,  da Liga dos Amigos do Castelo de Évora Monte (LACE), destacava a projecção turística que o evento envolveu.
«Estas iniciativas podem trazer aqui muitos investigadores, que depois vão divulgar o nosso património. Hoje levam uma imagem bastante positiva», conclui o dirigente.

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