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2024-02-29

Agricultores contestam simulacro de cheia em Alqueva

 
 
Na sequência do compromisso que a Empresa de Desenvolvimento das Infra-estruturas de Alqueva tem com o Estado Português estão a ser libertados do Açude do Pedrógão 45 milhões de metros cúbicos de água com o objectivo de simular um caudal de cheia do Rio Guadiana. A ideia é garantir, o cumprimento natural deste curso de água, considerado uma medida essencial para limpeza e manutenção dos ecossistemas ribeirinhos
 
   Porém, a Federação das Associações de Agricultores do Baixo Alentejo (FAABA) alerta que este volume de água somado ao libertado no ano passado, em plena seca severa, «corresponde a uma albufeira do Roxo completamente cheia». Acrescenta que desde a conclusão da barragem de Alqueva e como consequência dos caudais ecológicos, que são necessários manter, que o leito do rio Guadiana se encontra com fluxos de água mais elevados e mais estabilizados ao longo do todo o ano.
 
   «Numa altura em que os agricultores se debatem com cortes de água às suas explorações agrícolas, sempre que ultrapassam as dotações pré-estabelecidas pela EDIA, em que se impõem barreiras à restruturação de culturas e à distribuição da água aos regantes precários, bem como à sua integração, sempre na perspectiva de reduzir o consumo de água do EFMA, como classificar esta medida por parte da Agência Portuguesa do Ambiente e da EDIA?», questiona a FAABA.
 
   A mesma federação lamenta que esta situação ocorra "quando toda a região sul do país se debate ainda com deficiências hídricas significativas», reportando-se ao Algarve, Baixo Alentejo e Alentejo Litoral, perante as restrições já anunciadas para aplicação no futuro próximo. «O que pensarão os agricultores e os cidadãos em geral destas regiões sobre esta decisão? O único pensamento possível, é que se trata de um enorme desperdício de água e de má gestão dos recursos hídricos disponíveis no EFMA», sublinha os representantes dos agricultores.
 
   Justifica ainda que os 45 milhões de metros cúbicos de água libertados para simulação de cheia são um acréscimo ao caudal ecológico que, em anos muito secos, pode atingir os 600 milhões de m3. «Mas se esta medida de limpeza do rio se justifica do ponto de vista ambiental, por que não utilizar parte deste caudal ecológico para a sua concretização?», resume.
 

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