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2023-08-19

Aos dois anos já fazia óculos com arames. Hoje fez um bombeiro em barro

 
André Carvalho, 23 anos. A arte corre-lhe nas veias quase desde o berço. Olaria, carpintaria e até lhe dá um jeito a cantar. Fixemo-nos no barro. «Penso numa peça e faço-a tal com a desenhei mentalmente. Foi o que aconteceu com este bombeiro. Nem precisei de olhar para nenhuma imagem. Senti amor pelo boneco e fiz como se fosse uma metade de mim e outra dos bonecos de Estremoz», conta este jovem

TEXTO l Roberto Dores
 
   O boneco de barro de que se fala (foto de capa) é uma das peças que integra a exposição «Os Bombeiros aos Olhos dos Barristas de Estremoz», que este sábado foi inaugurada no Posto de Turismo, juntando 13 artesãos do concelho.

   André Carvalho exibe uma peça repleta de detalhes, convicto de estar a contribuir para enriquecer a barrística que há cinco anos mereceu a classificação da Unesco. 

   Ao bombeiro equipado a rigor para o combate às chamas, André acrescentou a boca-de-incêndio, a mangueira, o extintor e o machado. Só com base no que tinha em mente. Nem precisou de auxiliar de memória para desenhar, por exemplo, o símbolo dos Bombeiros de Estremoz ou os sete fechos do casaco. 

   Escutemos o artista: «Eu ando a tirar o curso de bombeiro, sou estagiário e faço parte da casa. Depois não tenho grande dificuldade em fazer bonecos de barro. Quando me convidaram para participar na exposição tive esta imagem e senti amor ao boneco. Fiz como se fosse uma metade de mim e outra dos bonecos de Estremoz», explica André.

   A ligação à olaria já tem algum tempo e soma vários exemplares construídos. Este é o terceiro bombeiro que lhe sai das mãos em dois anos, mas revela que reúne uma colecção de figuras como a «Primavera» ou  o «Amor é Cego». 

A arte de André Carvalho foi elogiada pelo comandante dos Bombeiros de Estremoz, Carlos Machado

   Talvez o seu futuro profissional se cruze com esta arte, admite, revelando que aprendeu a manusear as técnicas do barro na escola. «É preciso que os jovens ajudem a manter esta tradição de Estremoz. Faz falta gente para conservar esta arte», alerta. 
 
   A mãe, Fernanda Carvalho, assumia o «orgulho» pelo «jeito para a arte» que o filho começou a demonstrar logo aos dois anos. «Um dia recebeu um brinquedo e tirou os arames que prendiam uns carrinhos às caixas. Viria a fazer uns óculos que pareciam verdadeiros. Foi impressionante», recorda a progenitora.

   Fernanda revelava que logo no 5º ano o filho daria sinais de «grande habilidade» na carpintaria. «Começou a fazer carros de rolamentos e fez um guarda-jóias lindo, com gavetas. Também faz pintura e desenho. Então e o jeito que tem para cantar!»
 

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