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2022-07-21

Aquele tempo em que Tróia era a capital do garum

 
Nas ruínas romanas de Tróia «mora» um raro complexo de produção de salga de peixe – será o maior do mundo romano – nas margens do rio Sado, com Setúbal, a «sua» antiga Cetóbriga, em pano de fundo. Ali se produzia o então célebre garum, um distinto paté


    São mais de 2 mil anos de história que podem ser visitados, aquando dos tempos em que Tróia ainda nem era península, mas apenas uma ilha em pleno Sado, com o nome de Ácala. 

   Foi por ali que o império romano ergueu fábricas para deitar mãos a uma espécie de «produção gourmet», com paté de peixe que era conduzido a Roma, por via marítima, para abastecer, sobretudo, as famílias mais abastadas. 

   Um preparado era muito apreciado nas cozinhas da época, traduzindo um negócio chorudo para os produtores, que exploravam o bom peixe desta região. A construção do complexo foi feita na primeira metade do século I, tendo a ocupação romana perdurado ao longo de 500 anos. 
 

   Além das fábricas e das oficinas de salga, com uma capacidade e produção excepcionais, os visitantes poderão ver as termas e a basílica paleocristã, que é muito fora do comum pelo estado de conservação em que se encontra e pelas pinturas a fresco nas paredes

   Foi para tirar partido das potencialidades do peixe da região e da excelência do sal do rio Sado, associados ao clima, que os romanos construíram a conserveira de Tróia, apostando na concretização de um dos maiores complexos de produção de salgas de peixe. Os tanques onde se preparavam as conservas e molhos de peixe, entre os quais o famoso garum, são a maior testemunha. 

   O complexo é conhecido desde o século XVI, mas só 200 anos depois viria a ser sujeito à primeira escavação, por ordem da então infanta D. Maria – futura rainha –, que permitiu desvendar as casas da chamada Rua da Princesa. 

   Em meados do século XIX os trabalhos arqueológicos conduziram à descoberta do núcleo residencial da Rua da Princesa e parte das termas. Foi já em pleno século XX que foram desenvolvidos grandes trabalhos pelo Museu Nacional de Arqueologia que puseram a descoberto a totalidade das termas e a maior fábrica de salga além do mausoléu e de várias necrópoles. 

   A 16 de Junho de 1910 o complexo foi classificado como monumento nacional, mas os arqueólogos sonham com património da humanidade.

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