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2023-08-17

Comprar feijão pelas antigas medidas? É no Mercado de Estremoz

As medidas em madeira não são um assunto do passado. O seu ponto alto já lá vai, remontando aos tempos em que o quilo ainda era uma miragem. Algumas foram transformadas em peças de museu, outras estão à venda no OLX e encontrámos ainda colecções (que garantem estar em excelente estado) lançadas a leilão nas páginas da Internet. Mas, afinal, continua a haver quem utilize as seculares caixas devidamente aferidas para medir as porções de feijão, grão ou milho. Em litros
 
TEXTOS l Roberto Dores
 
   Que o diga Henrique Figueiredo, proprietário do posto de venda «A Horta do Ti Henrique», em pleno mercado de Estremoz, onde as manhãs de sábado juntam o que de melhor o campo consegue levar à cidade. Mostra-nos os legumes, as frutas e os ovos, mas é entre os feijões e grãos que «espreitam», quase despercebidas, as medidas que cruzaram gerações.
 

   «Eram do meu avô, passaram para o meu pai e o meu sogro também tinha. Eu tenho grande estima por elas e continuo a usá-las. Estão em perfeito estado, porque foram aferidas», relata Henrique Figueiredo. «Aferidas» quer dizer que se encontram ajustadas às medidas padrão, tendo o registo do respectivo sinal fiscal. A certificação era feita pelas autoridades locais competentes, que assim confirmavam que as medidas correspondiam aos parâmetros exigidos (Instituto de Metrologia).

   O empresário de Estremoz trabalha por conta própria no mercado há mais de 30 anos, depois de ter acumulado experiência ao lado do seu pai no mesmo ramo.

 
   Na prateleira junta as medidas de litro e meio litro nas alcofa dos grãos. Tem mais em casa, mas no dia da visita do Sul Ibérico não encontrou o quarto de litro. Sendo a mais pequena acabou por se perder, mas só provisoriamente. «Ela anda aí, há-de aparecer», assegura, enquanto exibe a qualidade da madeira bem tratada pelos anos.

   «Olhe para esta cor. Leva só uns agrafos para não se partir e está impecável», enfatiza, assegurando que não abdica das medidas idênticas as que já eram célebres na época medieval. «As pessoas que reparam nisto acham muito curioso eu continuar a manter esta tradição. Mas fazem parte da nossa casa», resume.
 

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