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2024-05-06

As andorinhas estão a desaparecer. Há duas razões

Se nada mudar, em breve teremos de encontrar outro símbolo para a chegada da Primavera. Nos últimos 20 anos, o número de andorinhas-das-chaminés em Portugal diminuiu 40%, segundo os dados do Censo de Aves Comuns, coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA)
 
   Aves migradoras como as andorinhas têm sofrido com as alterações climáticas, que afectam desde os sinais que estas espécies usam para iniciar a migração até à abundância dos insectos de que necessitam para alimentar as crias.  

   Para travar estes declínios, será necessário restaurar a Natureza, implementar políticas que promovam práticas agrícolas sustentáveis, e adoptar uma visão estratégica e de longo prazo no ordenamento do território, no desenvolvimento energético, e nas avaliações de impacto. 

   No relatório do Censo de Aves Comuns foram avaliadas as tendências populacionais de 64 espécies de aves comuns em Portugal continental para o período 2004-2023. O relatório apresenta ainda uma comparação dessas tendências com a situação dessas mesmas espécies em Espanha e na Europa. 

   «Em plena crise da biodiversidade, termos acesso a informação actualizada sobre o estado das nossas espécies de aves comuns é uma enorme mais-valia», diz Hany Alonso, técnico da SPEA e coordenador do Censo de Aves Comuns: «Ao olharmos para as aves comuns podemos compreender melhor o que se passa em nosso redor. Estas espécies vão ser as primeiras a dar-nos indicação de que alguma coisa não está bem.»

   Para além das aves migradoras, também aves comuns nos meios agrícolas, como o pardal, o peneireiro e a milheirinha estão em declínio nos últimos 20 anos, devido à intensificação das práticas agrícolas, que têm vindo a artificializar os nossos campos, destruindo os mosaicos tradicionais que permitiam que a biodiversidade florescesse. 

   «Numa altura em que precisamos de ter mais informação sobre o estado da biodiversidade, estes dados são importantes porque além de nos ajudarem a identificar as espécies e habitats que podem estar sob maior ameaça e sobre as quais devemos priorizar medidas de conservação, também podem ajudar a definir e a implementar políticas e medidas de gestão sustentáveis», salienta Hany Alonso. 

   Em conjunto com dados de programas similares noutros países da Europa, os dados do Censo de Aves Comuns permitem, por exemplo, medir o progresso relativamente às metas estabelecidas pela União Europeia para travar o declínio da biodiversidade. 

   O Censo de Aves Comuns é um programa de monitorização a longo prazo de aves comuns nidificantes e seus habitats, em Portugal. Nesta contagem anual que decorre há 20 anos, centenas de voluntários recolhem, de forma sistemática, dados sobre a presença de diferentes espécies. 

FOTO | © Ben Andrew (rspb-images.com)

© Ben Andrew (rspb-images.com)

© Ben Andrew (rspb-images.com)

 

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