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2023-06-09

José Geadas regressa às origens: «As palmas do público inspiram-nos para o fado seguinte»

O artista está pronto para subir ao palco logo à noite. Voz e guitarra portuguesa. Sim, vai assumir o duplo papel. José Geadas é o nome que se segue no Festival de Fado de Estremoz. Promete brindar os Arcos com um «espectáculo intimista» e pede a interacção do público. Já explica porquê 


TEXTO l Roberto Dores
 
 
   É um fadista alentejano, natural de Rio de Moinhos (Borba). Tem subido as escadas do sucesso a pulso. Aos 26 anos é  licenciado em Guitarra Portuguesa e exibe uma vontade inabalável de ir somando palcos e mais palcos pelo mundo.
 
   Mas hoje regressa às origens. Colocamos a fasquia alta? «Sim, posso colocar a fasquia alta, porque procuro dar sempre o meu melhor. Hoje vou fazer o mesmo», assume, enfatizando a «grande responsabilidade» que vai transportar ao longo do concerto. Desde logo porque se sente a «jogar em casa» - digamos assim - e porque se vai dividir entre cantar e tocar guitarra.
  
De ontem vem a actuação de José Gonçalez, na Glória, acompanhado por José Geadas à guitarra, Bernardo Saldanha à viola e Manuel Vaz Silva na viola baixo
 
   «Quando vou cantar não costumo tocar. Tenho os meus instrumentistas e eu apenas canto. Mas como sou guitarrista residente no Festival de Fado acabo por tocar também para mim», revela, admitindo que a dupla função o vai deixar sem «tempos mortos» para descansar, «aumentando o grau de exigência».
 
   Mais uma razão para o fadista não ter deixado nada ao acaso na preparação do concerto, «puxando» para a linha da frente fados tradicionais, que considera serem os mais acessíveis de tocar e cantar em simultâneo. «Antes do espectáculo vou montar o alinhamento, que poderá ser alterado consoante a aceitação e interacção do público», ressalva, congratulando-se pela oportunidade de ser o protagonista de um «concerto intimista».
 
   Vamos lá perceber melhor: «O facto do espectáculo ser dentro de casa, devido às condições atmosféricas, favorece a proximidade com as pessoas e é mais fácil interagir com o público. Eu prefiro estas actuações mais intimistas, porque as palmas do público inspiram-nos para o fado seguinte», acrescenta José Geadas.
 
   E quanto à aposta de Estremoz num mês inteiro dedicado ao fado? «É um privilégio fazer parte  deste festival, já com grandes nomes logo na segunda edição», assume, dando os exemplos de Mariza, que encheu o Pavilhão B do Parque de Feiras e Exposições, e de Sara Correia, que marca presença dia 24 de Junho. «Para mim representa o voltar às minhas origens. Toda a vida cantei nesta zona até ir para Lisboa».

A vida de um fadista não é só cantar o fado
 

 
José Geadas assume que para chegar até aqui tem trabalhado muito. «Gosto muito do que faço, mas não é fácil. Contrariamente ao que muitos pensam, isto não é só cantar», sublinha, acrescentando que a profissão que adoptou exige uma gestão «muito rigorosa». 
O fadista explica: «Tenho que ver bem por onde vou, que músicas é que tenho que gravar. São muitas noitadas, porque os concertos são, maioritarimente, à noite, muitas viagens. Hoje estou aqui, amanhã vou para a Coreia do Sul e depois volto para tocar em Estremoz. É uma vida desgastante, mas, sim, faço o que gosto e vou continuar a lutar para conseguir espaços maiores».
 

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