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2023-10-24

O último construtor de vasculhos mora em Terena. Apresentamos o «tio Zé Charlot»

José herdou o «Charlot» do pai. E é por «Zé Charlot» que todos o conhecem em Terena, no concelho do Alandroal. Mas o protagonista desta história chama-se José Paula Solas. Soma 84 anos e mantém o passatempo de décadas: nas horas vagas faz vasculhos

TEXTO | Roberto Dores
 
   Desconfia que por estes dias deve ser o único que ainda se dedica e recolher giesta mansa ou brava, entre outros recursos botânicos autóctones da região para fazer vasculhos. Esses mesmo, que durante séculos varreram casas, quintais, aldeias, cidades.

   «Já ninguém sabe fazer isto, nem querem aprender», diz, enquanto aperta com força mais um nó do cordel que vai unindo os ramos até ficarem firmes. As pontas do vasculho são aparadas à tesoura. «Para dentro de casa as vassouras são melhores, mas para varrer o campo ou os quintais isto é bom. Os currais ficam mais bem limpos com o vasculho», diz-nos, admitindo que enquanto as forças o permitirem vai continuar a manter a tradição que traz nos braços desde que se lembra. 

   «Isto é só para as horas livres. A minha vida de trabalho foi noutras coisas», revela, enumerando a passagem pela agricultura ou por uma pedreira em Bencatel, onde «ia numa pedaleira à chuva e ao sol», mas também os tempos na construção civil em Lisboa, onde deu serventia.

   A filha Maria Inácia fala da «satisfação» do pai em «fazer e oferecer» os vasculhos aos amigos, defendendo que esta actividade devia de ser preservada. «São as tradições dos nossos antepassados», relembrava, acrescentando que os vasculhos «ainda dão muito jeito e fazem um excelente serviço».

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