O empenho na marca registada atesta a distinção que Arraiolos atribui às suas célebres empadas, que transportaram sabores tradicionais até aos dias de hoje. A carne de galinha - sobretudo a carne de galinha - cruza-se com ervas aromáticas para emprestar o sabor genuíno que passou de pais para filhos e netos. Falamos de salsa, falamos de manjerona. Mas há mais
Espreitemos o enquadramento histórico. «A Empada de Arraiolos apresenta, na sua confecção, uma relação íntima com a gastronomia alentejana», diz o documento, puxando pelos traços da «ligação à terra» e pela ruralidade própria da região. Dá conta dos «saberes seculares» que passaram pelas gerações conservando os aromas.
A autarquia assume que Arraiolos tem em mãos um «importante produto local com qualidade» habilitado a contribuir para o «desenvolvimento e dinamização da economia». Eis a razão que sustentou o impulso dado pelo município à empada, apostando na sua promoção.
Sabe-se que na Praça do Município quem tinha a porta aberta ao público para venda de empadas «era a D. Maria Joana do Café», conta o documento, relatando que quando ela deixou o estabelecimento, coube ao Café Diana (também na Praça) ostentar o letreiro que indicava "Fabrico Especial de Empadas”.
Já nos anos trinta o Café Visitação anunciava que ali se faziam as «verdadeiras empadas de Arraiolos», em disputa com o Café Ideal, que reclamava como suas, as «GENUÍNAS e saborosíssimas» empadas de galinha. Afirmava-se, diz o mesmo documento, como a «única casa acreditada no fabrico de Empadas de Arraiolos, fornecedora para … Estremoz, Lisboa, Porto e Estrangeiro... desde 1922».
Avancemos no tempo até aos dias de hoje, quando a Câmara anuncia que ainda este mês abre a porta a um argumento de peso para que a iguaria possa ser degustada. Será à boleia da Mostra Gastronómica do Concelho, que vai ocupar o pavilhão Multiusos entre 28 de Outubro e 6 de Novembro.
Ao lado das empadas vão à mesa outras tradições e sabores da gastronomia alentejana, regadas com os vinhos de castas seleccionadas. Os queijos da terra também por lá andarão. Tal como os doces conventuais.
A propósito da doçaria, escutemos a autarquia: «Nesta edição, a Câmara quer também dar a conhecer mais alguns dos produtos da nossa doçaria», avança, reportando-se aos pastéis de toucinho, cavacas e nógado do Vimieiro, de braço dado com outros bolos ou doces tradicionais com história no concelho.
No certame haverá ainda espaço para o artesanato, permitindo estender os famosos Tapetes de Arraiolos, traduzidos numa «peça» relevante do puzzle que sustenta a dinamização da economia local.
Resume a autarquia: «O registo/criação de uma marca será, à semelhança de outros produtos, objecto desta acção junto do Instituto Nacional da Propriedade Industrial, uma forma de diferenciar e qualificar estes produtos, permitindo um reconhecimento destas iguarias que sábias mãos e receitas antigas passaram como arte das avós para as mães.»
