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2024-04-19

Soil to Soul regressa ao Alandroal. Para comer o que a terra nos dá

 
O festival acontece nos dias 25 e 26 de Maio, no Castelo do Alandroal e nos restaurantes do concelho. Vai juntar um conjunto de sete chefs, produtores e artistas. Objectivo prioritário: Sensibilizar para a educação alimentar e agricultura regenerativa

TEXTO | Roberto Dores
 
   O prato apresentado por Rafaela Ferreira, do restaurante Feitoria (Lisboa), ilustra o que se pretende com vista à promoção de técnicas sustentáveis desde a terra até ao prato. «Consiste em cenouras e leite de cabra. Aproveita-se a cenoura de várias maneiras, grelhada e com um puré. Com o leite de cabra fiz um iogurte, quase queijo, bastante fermentado. Depois terminei com óleo da rama da cenoura e poejos».


   Um exemplo de produtos simples entre um prato que respeita a sazonalidade. É sobre este desígnio que assenta a segunda edição do Soil to Soul, como sublinhou o presidente da Câmara do Alandroal, João Maria Grilo, durante a apresentação do festival que teve lugar no Manja Marvila, em Lisboa.

   «É a ligação ao que de mais natural há no território. É o que se produz em cada época», sublinha o autarca, enfatizando a necessidade de promover um território onde se produz «natural e sustentável e onde, ao longo do ano, vale a pena procurar os produtos que estão a dar nessa altura», refere.


   A título de exemplo, João Maria Grilo aponta o caso do Festival do Peixe do Rio, que também tem lugar no concelho. «É em Março, porque é em Março que pode ser feito e o Soil to Soul é no final de Maio, porque estamos no final da Primavera e há um conjunto de produtos, típicos do Alentejo, que estão prontos a ser comidos e servidos nessa altura», acrescenta o autarca.

   O foco é colocado na origem dos produtos como um valor acrescentado, pelo que não basta pedir preços altos por determinado prato. É preciso que o cliente perceba o que está a pagar, como explica Ruben Trindade, da Casa do Gadanha (Estremoz). «Não chega pedir 15 euros por uma beringela. O cliente tem que perceber que existe aquele valor acrescentado, que vem da sustentabilidade e que todos os projectos têm os seus custos e riscos. Eu tenho que valorizar o produtor e pago mais por isso, mas o cliente também terá que o valorizar», enfatiza.
 
 
   Paulo Amado, da organização do Soil to Soul, assina por baixo. «Os cozinheiros que são interessados nessa matéria ficam contentes, porque podem tomar contacto com esta cadeia de valor, desde o território até à transformação culinária», assume, sem perder de vista a reacção positiva que tem chegado por parte dos clientes. Expectativa para o Soil to Soul de Maio? «Que seja um palco para partilha entre agricultores, transformadores e aqueles que participam na arte culinária», resume.
 
A responsabilidade de deixar um solo para o futuro
 
   Recorde-se que depois de Zurique, na Suíça, o movimento «Soil to Soul» chegou a Portugal com o evento no Alandroal «Somos o que comemos», promovido pela Câmara, onde se alerta para a promoção da regeneração dos solos para uma alimentação saudável como base para um futuro sustentável.

   Anna Brito, da Terramay,  que transformou toda a produção numa herdade com mais de 500 hectares no Alandroal, relembra que «o Mundo não acaba aqui, connosco. O Mundo vai continuar e vai haver uma geração a seguir. É nossa responsabilidade deixar um solo em condições, que seja útil para o futuro», conclui.  

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