Eventos

2023-03-31

Tempestade interrompeu-lhes o sonho. Mas «netos da música» já voltaram a sonhar

 
Concerto solidário agendado para este sábado, no Parque de Feiras de Estremoz, ambiciona estender uma mão amiga à banda alentejana «Os Raiz». A entrada custa 5 euros. Pelo palco desfilam vários artistas
 
TEXTO l Roberto Dores
 
   13 de Dezembro de 2022. Uma impressionante chuvada inundou o concelho de Fronteira. O temporal provocou estragos, um pouco por toda a vila. Os Raiz não escaparam ao amanhecer violento. A banda que afirma ser os «netos da música» perdeu tudo. Dos instrumentos, aos vários materiais para realização de concertos, até ao próprio estúdio onde ensaiava. A água «engoliu» o que encontrou pela frente, deixando um prejuízo próximo de 15 mil euros.


A inundação em Fronteira deixou as instalações da banda debaixo de água

   Ainda assim, horas depois, já a banda escrevia isto nas nas redes sociais: «Podemos perder tudo o que temos, mas nunca perderemos tudo o que somos», justificando que a natureza lhes tinha levado os papéis, mas não lhes levara as canções.

   Foram dias de pesadelo perante o sonho interrompido aos olhos do cenário desolador. Perderam-se instrumentos, cabos, colunas, até um frigorífico que era da sua avó, sofás, mesas e baterias.  «Estávamos em Dezembro, num período de defeso, mais tranquilo, mas já a preparar-nos para este ano, com os novos temas», relembra Daniel Calhau,
«Dani», como é conhecido, diz que até as guitarras acústicas estavam na casa de madeira no dia da inundação. «Como não são tanto guitarras de palco, normalmente estavam nas nossas casas. Mas naquela altura andávamos a fazer umas versões acústicas e também se perderam», lamenta.

Eis a capa de um dos trabalhos do grupo alentejano. Os Raiz têm mais originais na «gaveta»

   Relembra como a banda investiu em si própria à medida que ia angariando receitas nos espectáculos. «Uma viola, outra viola, um baixo, cabos, colunas», descreve, assumindo que Os Raiz não estão formatados para o mediatismo imediato. «Não somos um grupo de meninos bonitos  que foram colocados no sítio X para fazer a música Y. Somos antes um grupo de amigos que cresceu de forma sustentada, a fazer a nossa música», refere.

   E agora? «É tempo de recomeço», diz peremptório Dani, agradecendo a todos os que se envolveram no concerto deste sábado à noite. Assume que o grupo tem tido dificuldade em ensaiar. Além de não ter casa disponível, não o pode fazer dentro da própria vila, devido ao barulho. 

   «Já trabalhávamos profissionalmente e hoje fazemos como se estivéssemos a começar. Mas somos irmãos e estamos juntos», justifica o porta-voz do grupo, que já soma três originais editados e revela ter mais nove na gaveta «prontinhos» a sair. Basta haver editora.

Artigos Relacionados

« Voltar