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2022-11-11

Viagem pelo Alandroal acabou gravada em disco. Longa vida aos sons da terra

Chama-se Loendro e é inspirado numa profunda pesquisa pelo «território geográfico, demográfico e emocional» ao logo do concelho do Alandroal. A apresentação é este sábado, com um concerto agendado para as 21.00 horas no Fórum Municipal Transfronteiriço de Alandroal
 
   Raia e Cardo Roxo apresentam o disco tendo os autores aprendido o Cântico ao Horto das Oliveiras na Festa da Santa Cruz (Aldeia da Venda), uma contradança popular com o António Claréu, no Rosário, as Saias de Ferreira, com o António Coelho e o Dino, as décimas e o som que fazem quando são ditas pelas vozes do Patacho e do Mancha. 

   Mais: «Com o Ricardo Pacífico, lemos o Ti Limpas a cantar mágoas e mangações. Nas Hortinhas, fomos guiados pelo Zico, pelas suas histórias e cantigas que vão saltando das fitas das cassetes e da memória das gentes para os ensaios do Trigueirão do Relheiro», relatam. Já da memória gravada em fita, aprenderam a Abertura do Auto da Criação do Mundo, além dos incontornáveis Bonecos de Santo Aleixo, que marcaram várias gerações de alandroalenses.

   «Percebemos que tínhamos cinco elementos, como dedos de cada uma das mãos: As melodias microtonais dos cânticos da Santa Cruz, os bonecos e a sua música/dança em modos maiores e menores, as saias, uma dança ancestral que quisemos resgatar, e aquele que é um dos elementos mais fortes da cultura popular alandroalense", revelam, reportando-se à poesia, sobretudo na forma de décima, com mote de quatro versos e quatro estrofes de dez versos cada uma.

   Explicam que quando mergulharam na poesia, perceberam a sua relação com algumas formas de fado ou fado/canção. «Aprendemos as melodias e quisemos devolvê-las ao som de um ensemble de viola campaniça, viola da gamba, gaita de fole e percussões, a que juntámos vozes de dizer e de cantar.»

   Dividiram o disco em duas partes com cinco músicas cada uma. Na primeira parte (faixas 1 a 5), apresentam arranjos para música e poesia popular que aprenderam nesta viagem. Na segunda parte (faixas 6 a 10), apresentam cinco composições novas, inspiradas nas texturas sonoras e formas musicais ou coreográficas e literárias da primeira parte.

   «Temos um disco-espelho, em que um lado reflecte as ondas sonoras do outro, mesmo que estas habitem espaços e tempos diferentes. Mesmo que a linha de tempo, entre si, seja tudo menos linear», dizem, concluindo que Loendro «é matriz e portal para um lugar-tempo onde se purgam mágoas e se dançam sonhos, memórias e mangações.»

    Loendro é um trabalho de António Bexiga (Raia), de Antony Fernandes e Carmina Repas Gonçalves (Cardo Roxo), Carla Magro Dias e uma produção da Câmara Municipal de Alandroal no projecto Raízes da Oralidade Música com o apoio da CIMAC.  
 

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