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2023-04-04

Alandroal quer atrair médicos que fiquem no concelho. E já tem um plano

 
 
Estamos na unidade de Fisioterapia do Centro de Saúde do Alandroal, onde os doentes com esclerose múltipla ocupam grande parte do tempo a Marisa Afonso. É a fisioterapeuta de serviço, que aqui trabalha dois dias por semana. «Era preciso muito mais tempo para cuidar destas pessoas. Numa população tão envelhecida há muitas necessidades de fisioterapia», diz-nos
 
TEXTO l Roberto Dores
 
   A esclerose múltipla é uma condição inflamatória crónica do sistema nervoso central e é a doença neurológica mais comum. «Precisa sempre de fisioterapia, mas depois não conseguimos dar resposta a outros doentes agudos ou aos casos que vêm do Hospital de Évora, que ficam em lista de espera, no mínimo, três meses», revela Marisa Afonso. 

   Há o caso de um doente crónico que está à espera desde Outubro - cerca de seis meses - pelo que o Centro de Saúde do Alandroal já pediu à fisioterapia de Évora para que não envie mais doentes agudos. «Não temos convenção, como acontece em Estremoz, com a Cruz Vermelha, e acaba por se concentrar tudo aqui», avança a mesma responsável, fazendo uma espécie de «Raio X» do estado da fisioterapia no concelho na presença da secretária de Estado da Promoção da Saúde, Margarida Tavares, que esta segunda-feira visitou ao Centro de Saúde local.


   O presidente da Câmara, João Maria Grilo, conhece as dificuldades e assume que é preciso reforçar esta valência, conseguindo, pelo menos, completar o horário da fisioterapeuta e garantir mais outra pessoa a meio-tempo. 

   Esta e outras prioridades estão na origem de um projecto do município que contempla a preparação de um regulamento específico de apoio à fixação de médicos no concelho. Além dos incentivos do Governo, a Câmara do Alandroal ambiciona «acrescentar atractivos» para que os médicos optem por trabalhar no concelho. 

   «Pode contemplar benefícios fiscais, reforço de vencimento e habitação», revelou João Maria Grilo, assumindo que o território «não tem falta de médicos», embora esta medida pretenda prevenir o futuro. «Todos sabemos que alguns médicos dos nossos territórios estão à beira da reforma. É preciso que os jovens também tenham interesse em fixar-se cá. Temos que antecipar esse cenário», acrescentou.
 
«Envelhecemos mais, mas ainda envelhecemos muito doentes»
 
Questionada relativamente à sobrecarga que encontrou na fisioterapia do Alandroal, a secretária de Estado da Promoção da Saúde, Margarida Tavares, referiu que «os cuidados de saúde primários não são só médicos e enfermeiros. Há muitas outras necessidades, Cada vez se tem percebido mais que há valências, como Fisioterapia, Psicologia, Nutrição ou assistentes sociais, que precisam do reforço dos profissionais».
A governante acrescentou que será esse o caminho para que a população possa envelhecer com mais garantias de acesso aos cuidados de saúde. «Envelhecemos mais, mas ainda envelhecemos muito doentes e com pouca autonomia, pelo que a Fisioterapia é muito importante para recuperar de algumas adversidades», concluiu.
 

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