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2023-01-26

Capotes já pesaram 8 quilos. Quanto pesam hoje? E o que dizem as várias cores?

 
É tempo deles. Os capotes voltaram a ganhar espaço no Inverno alentejano. Dos mais tradicionais às novas criações. Não foi por acaso que há mais de um ano ousaram registar a patente, tentando tirar partido de um negócio que vem galgando mercado à custa das mãos de quem diariamente trabalha nos célebres agasalhos. São peças do ´puzzle´ da história do Alentejo. Quer saber quanto pesam aos dias de hoje? E o que representam as várias cores? 

TEXTO | Roberto Dores

   Recuemos a outros tempos em que o burel foi tecido à mão. Ainda trazia o sebo da ovelha quando era torcido, o que fazia dele um sublime impermeável para pastores. Porém, como o fio era mais grosso, também tornava o capote mais pesado. Sete, oito quilos seria o peso médio para uma peça entre o metro e trinta e metro e quarenta. Mas o cenário mudou nos últimos anos à boleia de teares industriais que tornaram os capotes significativamente mais leves.

»»E onde se conseguiu ir até aos dias de hoje? Rosária Grilo, dos Capotes Alpedrinha - Confecções IMA - com fábrica em Santa Eulália (Elvas), aponta como o recurso a novos equipamentos permitiu reduzir o peso das peças para metade

   «Um capote para um homem normal, até um metro e oitenta, tem um metro e quarenta, e ronda os três quilos e meio», avança, revelando que a fábrica  confeccionou recentemente o maior capote de sempre - com um metro e setenta para um cliente de dois metros e seis - que não chegou aos quatro quilos. 

   Esse peso é apenas alcançado nos tamanhos grandes do designado «serrubeco» - capote de tom amarelado - que não entra na máquina do tingimento. «A fibra da lã não vem partida. Parece mais espesso ao toque e acaba por ter um pouco mais de peso», revela Rosária Grilo.
 
Como a cor do capote definia a classe social
 
 
   Muito antes dos donos das terras irem às missas ou às viagens a Lisboa agasalhados com capotes de cor bege, antracite  ou preto, já os pastores enfrentavam o Inverno no campo debaixo dos capotes serrubeco, exibindo a cor natural da lã, sem qualquer tingimento. 

   Andaríamos pelo século XVII. «A nossa investigação levou-nos a  apurar que os lavradores iam, por exemplo, a Lisboa comprar escravos e levavam os capotes com cores diferentes das que usavam os pastores. A própria monarquia também usava», acrescenta Rosária Grilo, recordando como o tom verde chegou mais tarde, acompanhado de uma curiosidade.

   «Os verdes foram introduzidos pelas amazonas espanholas, queria uma cor diferente dos homens. As portuguesas ainda não tinham autorização de usar capote», justifica, destacando que, ao disporem de mais liberdade, as espanholas exibiam os seus capotes quando se deslocavam ao Alentejo para montarias em inícios do XVIII. «Hoje, o verde tanto veste pelo homem como pela mulher», conclui.
 
 

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