2022-07-05

Ou Alentejo leva a cultura milenar para o futuro ou vai sem nada

 
O que é a cultura? E que papel deve ter no Alentejo? Numa primeira abordagem as perguntas perfilam-se vagas, mas não ficam sem resposta. «Cultura é tudo», sugere João Maria Grilo, presidente da Câmara do Alandroal e da Agência de Desenvolvimento Regional do Alentejo, para justificar que os municípios alentejanos têm que definir que cultura têm e que cultura querem ter para levar para o futuro. 


   Eis uma dica a reter. «Todos os que trabalhamos no processo de desenvolvimento não concebemos um Alentejo desenvolvido sem levarmos no processo os dois mil, três mil ou cinco mil anos, tirando partido disso como um activo», alertou João Maria Grilo durante a sua intervenção na apresentação do estudo “Cultura no pós Alentejo - 2020, que teve lugar em Évora (ver texto em baixo), onde se colocou ao lado  da «transversalidade das questões culturais». Ou seja, o edil quer colocar no centro da discussão que a cultura  deve estar subjacente «a tudo o que fazemos».
 
   Continuemos a escutar João Maria Grilo: «Estamos a passar por um grande processo de transformação, temos grandes desafios, como alterações climáticas, digitalização, reformulação  da economia. Mas antes temos que decidir que bens culturais queremos ter», insistiu.


   O autarca admitiu a importância de se trabalhar com desenvolvimento turístico e atração de investimento, mas, acrescentou, «é também importante, estruturante e fundamental que decidamos em consciência e em conjunto que ou pegamos neste ecossistema, que é a nossa cultura milenar, e decidimos o que queremos levar para o futuro ou vamos para futuro sem nada. Sem rede e sem suporte».

   Eis outro recado à navegação: «Não há nada pior do que nós, daqui a dez ou 20 anos, termos feito um trajecto em que tentámos apostar em todos os modelos de desenvolvimento actuais, mas perdemos o essencial do que éramos. E aí já não há nada para fazer».
João Maria Grilo «puxou» por aquilo que sobressai da cultura local e das tradições. «Há esta base que não se pode perder no nosso território, porque é aquilo que nos distingue de todos os outros.» 

 
 
O documento que põe os olhos na cultura
 
   O estudo que fez o levantamento cultural do Alentejo encontrou estes cinco pontos:

   1. Efectuar o levantamento de sete dimensões da atividade dos municípios na área da cultura durante o mandato autárquico iniciado em 2017, designadamente: a caracterização do, ou dos, órgãos autárquicos responsáveis; os instrumentos formais de gestão; os recursos financeiros; os recursos humanos; os equipamentos culturais e o património cultural imóvel sob alçada municipal; redes culturais e programação municipal; o associativismo cultural.
 
   2. Caracterizar a avaliação que tanto as entidades como os agentes culturais activos no território regional e municipal fazem da importância que a cultura assumiu no Programa Operacional Alentejo 2020.
 
   3. Identificar e caracterizar as visões estratégicas para a cultura no município e na região Alentejo até 2030.
 
   4. Reunir contributos de todas as entidades inquiridas (municipais, intermunicipais, organizações do sector cultural e outros agentes relevantes) para a área da cultura no âmbito do programa da região Alentejo para 2030, designadamente a proposta de indicadores de avaliação e de linhas de intervenção.
 
   5. Identificar casos de boas práticas em políticas culturais à escala regional, tanto nacionais como internacionais.
 

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