Notícias

2022-04-04

77 mil alentejanos votaram «para nada». Eis a explicação

 
Se foi um dos 34.700 eleitores que votaram no PS ou esteve entre os 16.905 que votaram PSD no distrito de Évora, então saiba que contribuiu para eleger dois deputados socialistas e um social- democrata nas legislativas de 30 de Janeiro. Os restantes 25.958 votos neste círculo alentejano não foram convertidos em mandatos. Ou seja, são votos perdidos, pelo que apenas 33,47% do total de votos são válidos.  

A análise nos vários círculos eleitorais do país pode ser vista em https://omeuvoto.com/ e é feita por Luís Humberto Teixeira, mestre em Política Comparada, que lançou uma petição onde reclama «alterações simples» à lei eleitoral para tornar possível «reduzir significativamente o número de votos não convertidos em mandatos».

 
Já no distrito de Portalegre só os 25.276 eleitores que votaram PS elegeram dois deputados, o que significa que houve um total de 27.189 votos não convertidos em mandatos, representando 51,82% do total de votos válidos no círculo de Portalegre.

No círculo de Beja, o Partido Socialista teve 29.533 votos, conquistando dois mandatos, enquanto a CDU registou 12.442 votos, alcançando um. Ou seja, houve um total de 24.148 votos não convertidos em mandatos, somando o Alentejo a totalidade de 77.295 votos perdidos.
 
As razões da petição
 
Luís Humberto Teixeira explica na petição que os círculos de menor dimensão - como acontece nos três alentejanos - são os mais prejudicados com este fenómeno que decorre da divisão do país em 22 círculos eleitorais, sobretudo quando o voto foi depositado num partido de média ou pequena dimensão.

«Porque não podemos continuar a aceitar que meio milhão de votos válidos não contem - nestas eleições foram 730 mil em todo o país -  na prática, para a composição do Parlamento, vimos por este meio solicitar à Assembleia da República que, no decorrer da legislatura que se inicia em 2022, debata e avance com alterações à lei eleitoral», lê-se na petição.

O documento aponta três soluções possíveis: a instituição de um círculo único, à semelhança do que existe na Região Autónoma da Madeira; a criação de um círculo de compensação, à semelhança do que existe na Região Autónoma dos Açores; e/ou a alteração do mapa eleitoral do país, com uma redução substancial do número de círculos eleitorais.
 

Artigos Relacionados

« Voltar