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2023-10-29

Ainda se lembra do último ano em que a hora não atrasou?

A partir deste domingo anoitece mais cedo. Ou, se preferir, os dias ficam mais curtos, no que à luz solar diz respeito. Esta madrugada os relógios atrasaram uma hora, como tem sido frequente no último domingo de Outubro há mais de 100 anos. Mas há uma excepção  
 
   Recuemos a 1992, quando um decreto-lei do Governo liderado por Aníbal Cavaco Silva estabeleceu que o país passava a estar, durante o horário de Inverno, 60 minutos adiantado face ao Tempo Universal Coordenado e, durante a hora de Verão, o avanço era de 120 minutos. Ou seja, foi adoptada a hora da Europa Central. 

   A decisão era justificada com a necessidade de Portugal acompanhar, «nos horários de trabalho», os países com quem mantinha frequentes contactos, onde no Inverno amanhecia tarde e, no Verão, o dia podia estender-se até para lá das 22.00 horas. Em 1996, já com o então primeiro-ministro António Guterres, o país regressou ao regime anterior.

   Mas a mudança da hora está longe de ser consensual. Em 2018, a Comissão Europeia publicou um estudo que indicava que 84% dos europeus – num total de 4,6 milhões de inquiridos – eram a favor do fim das mudanças de horário duas vezes por ano. Porém, os governos não chegaram a acordo e não há previsão de que o tema venha a ser retomado.
 
   A Associação Portuguesa do Sono defende a abolição da mudança de hora e a permanência no horário de Inverno. A organização aponta problemas associados à hora de Verão, como a menor duração do sono e a maior frequência de acidentes de viação, além de, a longo prazo, existir uma maior propensão para doenças.

   A mudança não ocorre apenas nos ponteiros do relógio: também tem impacto no ser humano, que tem de adaptar o seu «relógio interno», segundo a Associação Portuguesa do Sono. Cada pessoa tem um ritmo circadiano que é regulado por diferentes factores, entre os quais a luz natural, que é dos mais importantes.
 
   A adaptação à transição varia conforme as pessoas e pode levar até uma semana, podendo afectar particularmente as crianças. Algumas recomendações passam por seguir as rotinas habituais, nomeadamente de horário para deitar e de refeições, evitar dormir a sesta (especialmente ao fim da tarde), reforçar a exposição à luz natural de manhã e evitar a luz de equipamentos electrónicos à noite.

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