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2022-10-05

ALERTA MÁXIMO. Há veneno nos campos a matar animais selvagens 

 
Águias-imperiais (na foto) e linces estão entre as 40 espécies de animais que têm aparecido mortos com suspeita de envenenamento, segundo a Liga para Protecção da Natureza (LPN), que alerta para importância de se combater esta prática ilegal «comum na Península Ibérica»

   O envenenamento de animais selvagens é apontado como «uma importante causa de extinções e graves diminuições de populações em várias partes do mundo».

   Em Portugal o recurso ao uso de veneno foi proibido no final do século XX, com a Lei do Lobo e a transposição de directivas internacionais que impedem o uso de qualquer substância como forma de extermínio, constituindo actualmente, na medida mais gravosa, um crime punível com pena de prisão até três anos.

   Contudo, os dirigentes da LPN dizem que no nosso país estão registadas cerca de 40 espécies selvagens afectadas pelo veneno, incluindo quatro espécies criticamente em perigo. Esclarecem ainda que «o envenenamento é uma das maiores ameaças às espécies necrófagas, que se alimentam de cadáveres de outros animais, como é o caso da águia-imperial-ibérica».

   Isto numa altura em que o lobo-ibérico e o lince-ibérico registam casos de morte por envenenamento, «reduzindo ainda mais as suas já pequenas populações e o estado de equilíbrio dos ecossistemas.»

   Alerta ainda a LPN que além de destruir as espécies selvagens, esta prática ilegal afecta animais domésticos, «podendo mesmo afectar acidentalmente seres humanos e constituir um grave problema de saúde pública ao nível da contaminação dos solos, dos recursos hídricos e mesmo de culturas alimentares».  Isto porque alguns tóxicos podem permanecer no meio ambiente durante longos períodos em doses suficientemente altas para serem perigosas.

   Os casos de suspeita de envenenamento são mais frequentes no início do ano (Janeiro a Março) e, mais tarde, em Outubro, embora sejam registados casos ao longo de todo o ano. «Estamos assim, neste momento, num dos chamados ´picos de veneno´, pelo que é essencial a atenção e colaboração de todos na detecção de possíveis casos», acrescenta ainda a LPN.

Forte agonia e dor

O envenenamento apresenta, normalmente, um carácter agudo e traduz-se num conjunto de sintomas que reflectem uma forte agonia e dor. O animal pode demonstrar convulsões e espasmos musculares, vómito e diarreia, apatia, salivação excessiva, hemorragias e dificuldades respiratórias. A LPN apela a quem encontrar um animal envenenado, ou supostamente envenenado, que contacte imediatamente o SEPNA/GNR através da linha SOS Ambiente (808200520) e siga as instruções dadas pelas autoridades. «É extremamente importante informar sobre a existência de animais vivos e permanecer no local até à chegada das autoridades, e nunca deve tocar nos cadáveres ou iscos nem deixar que outras pessoas se aproximem do local», resume a mesma organização.


FOTO José Pesquero Gomez

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