2022-03-18

Alerta máximo na fronteira contra tráfico humano de refugiados

 
O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) está em alerta máximo contra o tráfico de menores e mulheres jovens provenientes da Ucrânia. Acompanhámos uma fiscalização que começou às portas de Portugal, onde três agentes subiram a um comboio em Elvas. Viajavam 79 refugiados. 19 eram crianças, todas acompanhadas pelos respectivos familiares.

Na primeira carruagem viaja apenas um turista brasileiro, mas a segunda estava cheia de rostos cansados fugidos da guerra. "Se calhar sentem-se mais seguros estando aqui todos juntos", admitia Romualdo Santos, um dos três agentes do SEF que subiram a bordo para fiscalizarem os documentos de todos os passageiros. Mas os cerca de 15 minutos até à  próxima estação, em Santa Eulália, foram suficientes para confirmar a legalidade dos 79 passageiros.

"Isto é muito rápido porque o universo das pessoas a controlar está bem identificado", justificava o agente, acrescentando que o SEF tinha já o aviso de que viaja neste comboio em concreto um grupo de ucranianos, o que permitiu abreviar o controlo. "É mais na base de despistar alguns casos de crianças que não venham acompanhadas, registá-las e tentar saber qual é o destino que elas tomam", dizia.

Alguns passageiros dormiam e outros exibiam olhares meio perdidos debruçados sobre a paisagem alentejana. Mostravam-se calmos e prontos a colaborarem com as autoridades. Ao ponto de já terem passaportes na mão quando eram abordados pelas autoridades.

"É tudo normal. Portugal não é excepção à vaga de refugiados provenientes da Ucrânia que vai chegando a todos os países da Europa", assumia o mesmo agente, enquanto recebia os números da acção de controlo: um total de 79 passageiros oriundos da Ucrânia, 19 dos quais eram crianças, pelo que não há lugar a facilitismos.

Referia Romualdo Santos que os menores e as mulheres jovens "são os mais vulneráveis e as redes de tráfico de seres humanos estão atentos a esta situação e vão tentar aproveitar. Por isso, estamos cá nós para tentar despistar qualquer situação."

A viagem dos agentes terminou na estação de Assumar, ainda no Alentejo, enquanto o grupo de refugiados prosseguiu rumo ao Entroncamento. Depois alguns seguiram para Lisboa e outros para o Norte com garantia de acolhimento. "Não há necessidade das pessoas estarem perdidas. Temos uma grande comunidade ucraniana em Portugal e quase todas têm família ou um amigo cá, que lhes vai dar algum apoio."


TEXTO Roberto Dores

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