A tradição fez-se valer pelas ruas da vila, Alandroal ouviu o Cantar dos Reis, tal como ele é, já durante a noite. A Câmara abriu as portas para receber os cantadores, trajados com os habituais capotes castanhos. O presidente, João Maria Grilo, recordou os elementos que ajudaram a formar o grupo, congratulando-se, por outro lado, com a juventude que se mostrou na linha da frente. Há futuro à vista
TEXTO | Roberto Dores
«Trinta e três anos cá. Já são muitos anos desde que eu e um grupo de amigos criámos esta ideia. Deu nisto e ainda bem», nota António Fontes Coelho, fundador e porta-voz do Grupo de Cantadores dos Reis, a quem o frio da noite não intimida. «Tenho quase 80 anos. Estou habituado», justifica, recordando porque levou o projecto por diante.
Tradição saiu à rua e os cantadores foram recebidos em frente à Câmara
Escutemos. «Isto foi uma coisa que ficou da minha meninice. Ouvia cantar os homens à noite e até tinha medo deles. Mas com o tempo comecei a gostar e, olhe, cá estou», conta, lembrando tempos em que pequenos grupos de cinco a seis homens saíam dos lagares e cantavam os reis à porta dos lavradores. «Eram tempos difíceis e de sobrevivência», regista, elogiando hoje a chegada das vozes das crianças ao coro.
O aplauso em torno da entrada dos novos elementos era extensível ao presidente da Câmara, que vê o futuro da tradição assegurada naqueles cinco jovens, mas não perdia de vista os que já partiram. «Tenho a felicidade de acompanhar este grupo há muitos anos e recebê-lo na Câmara. Se é verdade que alguns dos membros originais que por aqui passaram já não estão entre nós, e devem ser homenageados, também é verdade que temos aqui juventude a acompanhar
Essa relação é uma garantia de que as tradições têm futuro», sublinhou João Maria Grilo.
Festa. Presidente da autaquia fez também um balanço positivo da quadra natalícia após dois anos de pandemia
Os cantadores foram recebidos na Câmara, após cantarem em frente ao edifício, tendo o autarca destacado a simbologia do acto. «A porta da Câmara está sempre aberta a qualquer circunstância», disse.
O autarca reportava-se a «momentos bons, momentos maus, momentos para celebrar, para os novos para os velhos e todos aqueles que precisam de alguma coisa. É uma fonte de orgulho termos hoje a porta aberta para eles», insistiu, antes de fazer um balanço positivo da quadra natalícia após dois anos de pandemia.
«Tivemos a retoma das actividades de Natal. Ainda não foi a cem por cento, mas já foi bastante bom, com um conjunto diversificado de actividades», disse, destacando a Feira de Natal, os concertos, o passeio dos motards com a distribuição de prendas às crianças. «Foi bom ver voltar isto a acontecer e vamos continuar a aprofundar este processo», resumiu.