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2023-10-17

Esta colecção já deu lume a muita gente. Está em Veiros e começou com Coca-Cola 

 
Alfredo Ferreira trabalhava no Algarve quando um turista americano lhe ofereceu aquele que seria o primeiro isqueiro de uma longa colecção. Já lá vão mais de 40 anos. «Era uma garrafinha de Coca-Cola, que está ali, naquele canto», diz-nos, apontando com precisão para o exemplar. A oferta animou-o a seguir em frente. Hoje a réplica da garrafa do refrigerante mais célebre do mundo é apenas uma das relíquias que preenche a estante de vários metros ao longo da parede do seu café em Veiros. Soma, nada mais, nada menos, do que 4 636 isqueiros em exposição. E tem outros 800 à espera de espaço 
 
TEXTO | Roberto Dores
 
   Da década de 80 exibe uma espécie de «caderneta» de craques da bola. Em forma de isqueiros, entenda-se. Antigas glórias do Sporting, Benfica e Porto têm um lugar de destaque na estante. Ao centro e à altura dos olhos dos clientes. É impossível passarem despercebidos. Sobretudo os adeptos portistas encontram aqui boas memórias, perante os rostos que conquistaram a Europa do futebol no Prater de Viena, frente ao Bayern de Munique.

   «Houve essa colecção e comecei a arranjá-los. Está aí muita gente que já partiu». Bento, Damas, Gomes, são três exemplos de nomes imortais por detrás da vitrina, onde a publicidade de outros tempos - e de tempos mais recentes - se atropela em memórias. 

Eis o isqueiro que replica a garrafa de Coca-Cola. Está por detrás da vitrina e foi o primeiro da colecção
 

   Detalhe a reter: «Só colecciono isqueiros com publicidade. Desde marcas até à política. Tenho isqueiros que me deram em campanhas eleitorais há muitos anos», relembra, mostrando, por exemplo, a impressão de rostos de antigos autarcas da terra e redondezas.
 
   Mas a colecção não esteve sempre nas suas mãos, apesar de não ter saído da família. «Fiz isto vários, mas quando me aborreci da colecção entreguei-a ao meu irmão. Ele continuou, mas também se enfadou. Os isqueiros voltaram para mim e continuei a colecção até hoje». Garante que em boa hora o fez.

   Mais isqueiros que valha a pena destacarmos? Alfredo Ferreira apresenta-nos a antiga fuzileira, cujo uso necessitava do pagamento de licença, ou um outro do Movimento Feminino que os militares portugueses levavam para o Ultramar.

   «Tenho ali mais 800 isqueiros no armazém, mas preciso de ampliar a estante para caberem», assume, revelando que o imenso móvel que cobre grande parte da parede do estabelecimento foi feito em mogno por Pedro Canoa, um carpinteiro de Veiros que aguarda instruções para a nova etapa.

   E não, nenhum dos isqueiros em exposição tem gás. 

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