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2022-08-24

Estremoz quer fazer a «obra do século», mas não a entrega a privados

 
O presidente da autarquia, José Daniel Sádio, admite que a degradada rede de distribuição de água é o «problema mais grave» que afecta Estremoz. As sucessivas rupturas sublinham o estado a que chegou o sistema. Mas há vários meses que se procuram soluções para a obra que já tarda há anos

 
   O tema foi abordado na reunião pública de Câmara, que teve lugar esta quarta-feira, onde José Daniel Sádio lamentou a falta de intervenção ao nível da rede de distribuição, apesar da passagem de três quadros comunitários. Recordou como em 2009 o executivo de então rescindiu um acordo com o Estado central em relação à água em alta, quando havia um plano de investimento de 11 milhões de euros para a água, que englobava uma nova estação de tratamento, novos depósitos e adutoras.

   O autarca acrescentou ainda que naquele tempo a autarquia «tentou vender a água a privados, numa tentativa óbvia de privatizar a água em Estremoz», mas também essa solução viria a ficar pelo caminho. «Durante 12 anos a rede tem vindo a  degradar-se de forma sistemática  e gravíssima», referiu, alertando que neste momento «os serviços estão perto da exaustão».

   Justificou que as equipas de rupturas «trabalham de domingo a domingo, de manhã à noite e até de madrugada. Têm que ver entre as dezenas de rupturas quais são as prioritárias. Uma ruptura é sempre grave, mas não podemos ir a todas. Estão a resolver as que colocam em causa o abastecimento de populações ou de parte da população», sublinhou.

Encontrar soluções na esfera pública
é o caminho escolhido por José Daniel Sádio
p
ara avançar com a «obra do século» para Estremoz

   Mas o problema vai para lá da distribuição e tratamento de água. José Daniel Sádio colocou em relevo a questão do saneamento. «Neste momento, em 2022, temos algo que é indigno num país desenvolvido. Temos freguesias inteiras sem ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais), onde os esgotos vão para fossas a céu aberto e para ribeiros».

   O que fazer? O autarca revelou que o assunto tem merecido a sua atenção quase desde que tomou posse, procurando uma solução  junto da tutela e da EPAL (Empresa Portuguesa de Águas Livres), que, com a câmara, está a fazer um levantamento das reais necessidades no terreno, diagnosticando o que é necessário substituir para quantificar o investimento e preparar o modelo de negócio que será discutido na reunião de Câmara e Assembleia Municipal.

   Agora, eis as três hipóteses lançadas por José Daniel Sádio na reunião do executivo. A primeira está eliminada à partida: não fazer nada. «Não aceitamos. Será a obra do século para todos» salientou o autarca, ilustrando, assim, a dimensão do projecto. 

   Segunda hipótese: Entregar a água a privados. O que disse o edil? «Também nunca o defendi, nunca defenderei e não irei apresentar essa proposta, porque tenho a noção que será um investimento caro, que terá de ser amortizado em décadas, terá custos para o município»

   Resta a terceira via, que prevê encontrar soluções na esfera pública. «Como fez a esmagadora maioria dos municípios», adiantou o autarca, colocando-se ao lado de uma solução que «resolva o problema de vez e que seja possível de suportar em termos orçamentais». Os próximos tempos poderão acrescentar dados novos.

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