2023-03-10
Estremoz quer «travar a fundo» vício da raspadinha entre idosos. Mas como?
O diagnóstico está feito. O vício da raspadinha está a conquistar espaço entre os idosos de Estremoz, mas a autarquia recusa cruzar os braços e mostra-se empenhada em estancar o fenómeno, com recurso a campanhas. Também os vícios - antigos e novos - dos mais jovens estão entre as prioridades do município
TEXTO l Roberto Dores
A revelação foi feita pela vice-presidente da Câmara de Estremoz, Sónia Caldeira, que assumiu a «preocupação» do município perante comportamentos que adjectivou como sendo «mesmo de vício com a raspadinha», alertando para a necessidade de se «actuar junto da população mais idosa».
Filomena Mendes, presidente da ARS Alentejo, destacou as vantagens da transferência de competências
E como? «Temos a Academia Sénior, onde vamos conseguindo ter a percepção das pessoas que têm este tipo de comportamentos. O CLDS (Contrato Local de Desenvolvimento Social) tem feito uma parceria connosco, no que diz respeito ao eixo de envelhecimento activo, e também tem sinalizado pessoas». Os mesmos contactos serão aplicados na promoção das campanhas de sensibilização.
As declarações da autarca foram feitas em sede do seminário «Adição, Prevenção, Poder Local - Uma Rede em Construção», onde marcou presença a presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Alentejo, Filomena Mendes, que também viria a destacar a preocupação das autoridades de saúde com a dependência do jogo entre os seniores.
«Temos hoje extractos da população com um grande vício na raspadinha como não tínhamos há algum tempo atrás. A raspadinha veio trazer muitas dependências a determinadas faixas etárias. Para eles (idosos), não é uma dependência do jogo, mas a verdade é que não deixa de ser uma dependência e é preciso tratar essas situações, avaliá-las e conhecê-las», sublinhou Filomena Mendes, apelando à prevenção.
É esse o caminho trilhado por Estremoz que hoje esteve em cima da mesa à boleia do seminário que contemplou a assinatura, entre a autarquia e a ARS, de dois protocolos: Plano de Intervenção Municipal de Prevenção de Estremoz e Consulta Descentralizada em Comportamentos Aditivos e Dependências.
A consulta descentralizada passa a acontecer uma vez por mês nas instalações do município de Estremoz e vai dar respostas aos concelhos vizinhos de Borba, Vila Viçosa, Alandroal e Redondo, deixando os utentes de se deslocar a Évora ao Centro de Respostas Integradas. A consulta é acompanhada por uma médica, enfermeira e administrativa.
Já o outro protocolo contempla o Plano de Intervenção de Estremoz no que diz respeito aos comportamentos aditivos no concelho, sendo dividido em vários eixos. O principal aponta às escolas do concelho. «Não falamos só de comportamentos aditivos com substância. Falamos também em comportamentos sem substância. Temos muitos jovens que estão viciados nos jogos de computador», exemplificou a autarca, que anuncia campanhas também dirigidas aos vícios com substância (álcool e drogas).