2023-07-12

Fomos visitar o barco do Chanquete. O ex-líbris de Nerja que homenageia o Verão Azul

Quem não se lembra! Chama-se «La Dorada I», mas será eternamente conhecida como o «barco do Chanquete». Está em exposição permanente no jardim «Verano Azul», em Nerja, onde foi rodada a famosa série de televisão dos anos 80. Exibe ainda a imagem icónica do grupo de amigos (ou pandilha, como se apresentavam) a lutar contra as intenções de demolição da traineira. Recordamos a letra do refrão: «Del barco de Chanquete no nos moverán». Há vários anos que é um local de romaria entre os turistas. E que impacto teve Verão Azul no crescimento de Nerja? Muito. Mas mesmo muito

TEXTO l Roberto Dores


Ainda se lembra dos nomes? Em cima: Pancho, Javi, Desi, Chanquete e Bea. Em baixo: Quique, Júlia, Tito e Piranha 

   É caso para dizer que ir a Nerja (no Sul de Espanha) e não visitar La Dorada I é assim como ir a Roma e não ver o Papa.  Várias famílias esperam pela vez para se colocarem em frente à embarcação e imortalizar o momento com uma foto. Falam de «emoção e nostalgia», numa espécie de regresso ao passado, até aos tempos em que a célebre série marcou a infância e adolescência de milhões de telespectadores. Sobretudo em Espanha e Portugal.


   Para os mais novos, convém explicar que La Dorada I era a casa do velho lobo do mar ‘Chanquete’, interpretado pelo magnífico actor Antonio Ferrándis. O barco que ali está instalado é uma réplica da traineira que era exibida na série, que, afinal, não era um barco verdadeiro, mas antes uma construção por peças feitas nos ateliers do Prado del Rey. Ou seja, era apenas uma espécie de decoração instalada em Nerja, que após a rodagem da série seria desmontada. 

Ninguém naquela altura arriscava imaginar o impacto que o Verão Azul iria ter na localidade situada a cerca de 60 quilómetros de Málaga. Mas a vida por ali mudou. 

   Nerja tornou-se famosa mesmo a nível internacional à boleia de uma promoção turística sem paralelo. Mais de 40 anos após a estreia da série continuam a chegar adeptos das chamadas «Rotas do Verão Azul» iniciadas por  Miguel Joven, que encarnou a personagem de ‘Tito’ quando tinha apenas seis anos. Era o único natural de Nerja.
 

   É também pelo impacto económico que, junto ao barco, a autarquia recorre a uma placa informativa para explicar a homenagem que este jardim presta ao Verão Azul, invocando actores e técnicos, estando expostas fotos dos principais protagonistas ao longo do parque. «La Dorada I» já foi alvo de restauro há dez anos, com um investimento superior aos 30 mil euros. Estava a degradar-se no interior, mas hoje está como nova. Ou quase.



19 episódios e 20 milhões de telespectadores



Do «Encontro» ao «Fim do Verão» a série garantiu várias reposições que lhe permitiu ser vista por mais de 20 milhões de telespectadores. As personagens e as situações são parte da memória colectiva do início dos anos oitenta. A série também foi difundida em toda a América Latina, Portugal e alguns países não-latinos, tais como Angola, Croácia e Bulgária. Para os búlgaros nascidos nos anos 70 e 80, introduziu diversos temas Verão Azul na adolescência, falando de assuntos pouco comuns na televisão do país dos Balcãs, como o estilo de vida hippie.
Na própria Espanha a série rompeu com os padrões de televisão, falando abertamente de questões delicadas como o divórcio ou a novela, liberdades, o direito de protestar, especulação imobiliária, o ambiente ou conflitos geracionais, entre outros.
Foi criticada pelo seu naturalismo, em particular através da utilização de pistas a partir dos personagens, reflectindo como expressão coloquial do momento.
A banda sonora e músicas são valorizadas ainda hoje.
 
 

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