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2023-08-24

Gertrudes Franco, 75 anos: Ainda lava roupa na pedra que era da avó. Com sabão azul

Afinal, ainda há quem deite mãos à roupa para a lavar à moda antiga e garanta que é assim que mais gosta dela. «Fica com melhor cheiro e mais macia. E o que se poupa?», atira Gertrudes Franco, à medida que vai espalhando o já gasto sabão azul sobre a roupa aberta na secular pedra de xisto que herdou da sua avó

TEXTO l Roberto Dores
 
   Estamos no Rosário, freguesia do concelho do Alandroal, no preciso momento em que Gertrudes Franco, de 75 anos, está à porta de casa a esfregar uma toalha de mãos sobre a pedra. Está colocada, estrategicamente, em cima do muro, para poupar as costas à «lavadeira». Terá pouco mais de um metro de comprimento. A passagem das décadas foram-na enrugando à medida dos utilizadores.

   «Não a troco por nada. Esta não sai daqui. Toda a vida me lembro dela. Tenho lavado cá tanta roupa», conta ao Sul Ibérico, recordando como a mãe morreu com 96 anos e sempre a utilizou, tal como a sua avó. «Tem mais de cem anos na família de certeza. É melhor do que o tanque. É uma maravilha», enfatiza.

   Gertrudes Franco tem máquina de lavar roupa em casa, mas neste momento o tambor até está a cair. «Só a utilizo para lavar lençóis e as calças do meu filho. A roupa mais pequena é toda lavada aqui», conta, alertando para alguns detalhes que tem em conta para garantir uma roupa com cheiro mais agradável.

   «Não uso água da rede. Tenho ali um poço que tem mais qualidade para isto. Depois só lavo com sabão azul. Passo o sabão na roupa e ponho-a nos sacos para ficar mais macia. Logo à tarde ou amanhã e só enxaguar e estender que fica impecável», assegura, acrescentando que a poupança com água e luz também faz diferença para quem tem reformas que vão pouco além dos 300 euros. «No economizar é que está o ganho», repete três vezes ao longo da nossa conversa.
 

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