Notícias

2022-10-06

Guadiana já parece um pego de àguas paradas à entrada de Portugal

 
O cenário é desolador nas margens do rio Guadiana, junto à Ponte da Ajuda, que liga Elvas e Olivença, no limite da albufeira de Alqueva. Esta tarde, pelas 17.30 horas, estavam 33 graus. A maior parte das nascentes estão secas. Não há escorrências de ribeiras nem de ribeiros. A biodiversidade está afectada

TEXTO | Roberto Dores

 
 
   O estado a que o Guadiana chegou é o resultado de um caudal à míngua de água e de elevadas temperaturas, que podem voltar a propiciar condições ao desenvolvimento de cianobactérias que parasitam carpas, barbos e achigãs, segundo alertam os pescadores lúdicos, aludindo ao que tem acontecido em anos anteriores.

   Dizem-nos, por isso, que esta não é a melhor altura para pesca. «O rio não corre. Não vale a pena. A água está quente. Não tarda, os peixes vão começar a entrar em agonia e morrem. Assim o peixe não presta, porque não fica rijo», sublinha, justificando que a chuva faz falta para renovar as águas e arrastar o alimento que garante qualidade ao peixe.

   «Aos dias de hoje chamar rio ao Guadiana já é um abuso. Isto parece mas é um pego. Olhe estas águas paradas», diz Carlos Mota, que costuma pescar nesta zona, mas que hoje foi apenas passear com o neto.

   As vacas, que pastam ali perto, também ajudam a explicar até que ponto baixou o caudal. «Há quatro ou cinco anos havia água até ali. Agora, olhe para os animais ali a lamber o musgo. Ao que isto chegou», lamenta. Do local onde está o gado ao espelho de água distam mais de 50 metros. «Veja lá o que isto baixou. Um caso muito sério», insiste Carlos Mota. 


   Começam aqui as dificuldades em que a albufeira de Alqueva está mergulhada. O valor médio de armazenamento do maior lago artificial da Europa apontava a cerca de 78% para esta época do ano, mas no final de Setembro encontrava-se nos 64.2%, traduzindo mesmo uma queda face a Agosto quando o nível estava nos 65.4%. Alqueva segue a tendência das restantes albufeiras na bacia do Guadiana, onde a média de armazenamento no final de Setembro exibe os 73.4%, mas este ano baixou para os 60.9%.

Artigos Relacionados

« Voltar