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2023-06-06

Há 20 anos que o «Tapete está na Rua». Ou a arte que resiste nas mãos das bordadeiras

 
A estrada tem sido sinuosa até aos nossos dias, mas a Câmara de Arraiolos não cruza os braços na corrida de fundo rumo à valorização dos «seus» célebres e mundialmente conhecidos tapetes. «Sabemos para onde queremos ir  e gostávamos de ter mais apoios nesta caminhada. Infelizmente não temos sido acompanhados», lamenta Sílvia Pinto, a presidente do município que esta quarta-feira volta a decorar o centro da vila de tapeçarias a fazerem lembrar mapas de geografias díspares que juntam arte e saberes seculares. Traduzidos pelas mãos das bordadeiras

TEXTO l Roberto Dores

 
   É, sobretudo, por isso, que Sílvia Pinto «puxa» pela valorização dos célebres tapetes sem perder de vista as mãos que os produzem. A autarquia assume-se como a primeira linha na defesa de um património secular que resiste e quer continuar firme neste desígnio.

   Escutemos a autarca: «Temos a necessidade de criar o centro para a promoção e valorização do Tapete de Arraiolos, que poderia ser aqui uma estratégia importante para a sua valorização», refere, acrescentando o já velho assunto - pode ser classificado assim - da certificação. Lá mais ao fundo espreita-se a candidatura a Património Cultural Imaterial da Humanidade, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

   «Era muito importante que nos acompanhassem na valorização do trabalho das bordadeiras», alerta Sílvia Pinto, justificando que se nada for feito para garantir rendimentos aceitáveis a quem produz os tapetes, dentro de uns anos vai ser difícil encontrar mãos que o façam.

 
   A edil recorre ao exemplo da Madeira, onde as bordadeiras são valorizadas dispondo de vários benefícios do Estado. «Faria sentido transitar esses apoios também para o Continente. Para os tapetes e para outro artesanato distribuído pelo país. Cada vez há menos pessoas a fazerem artesanato, porque não conseguem viver só disso. E estamos falar da nossa história", ressalva Sílvia Pinto.
 
Animação e reflexões até domingo
 
   A partir desta quarta-feira «entra em cena» mais um aposta promocional dos tapetes de Arraiolos, à boleia da 20ª edição do «Tapete está na Rua», que vai animar o concelho até domingo, perante autênticas «obras de arte» estendidas na via pública, penduradas de portas e janelas.

 
   A presidente da Câmara destaca a conferência agendada para sexta-feira, que vai debater a salvaguarda do Tapete de Arraiolos, enquanto no Centro Interpretativo o do Tapete tem espaço a exposição do Projecto «Chiado, Carmo, Paris em 2023», que abre já amanhã.

   «Estamos a celebrar 20 anos do Tapete está na Rua. O tapete tem tido várias modificações ao longo destes tempos, mas a verdade é que o objectivo central tem sido sempre o mesmo. Valorização e promoção dos nossos tapetes, independentemente das adaptações das alterações que foram feitas», resume a autarca.
 
O que fazem as migas entre a promoção dos tapetes?
 
   Eis uma proposta que vai acompanhar o fim-de-semana em Arraiolos. Migas à mesa, com o mais requintado «sotaque alentejano», para acompanharem vários pratos tradicionais da restauração arraiolense. E sim, migas em Junho, com o Santos Populares à porta. «Esta semana é dedicada às migas, porque elas são boas todo ano. Com calor e com frio, de tomate, de batata, de espargos. Sempre migas. Venham provar, venham», convida a autarca. Vamos?

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