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2023-08-23

Já tinha visto uma rã azul  no Alentejo? Nós também não e fomos saber o motivo

 
O anfíbio de que se fala foi encontrado nas margens da ribeira de Arraiolos, entre o Monte da Aduinha e os moinhos de água na Ribeira do Divor
 
TEXTO l Roberto Dores
 
   A julgar pela foto a rã até parece maior. Mas o anfíbio da imagem mede entre três a quatro centímetros. É identificado como sendo uma rela. Comum ou meridional, porque as duas espécies existem na zona ribeirinha onde este exemplar foi fotografado por Paulo Gabriel. Mas há o detalhe da cor. As relas são verdes,  como atesta a ilustração mais abaixo. Então, o que se passa com a protagonista desta história para ter ficado totalmente azul?

   Andavam dois amigos a apanhar silarcas, quando José Rocha é surpreendido pela presença da rela azul sobre uma esteva seca. Paulo Gabriel limitou-se a imortalizar o encontro «Eu só aproximei o telemóvel e tirei a fotografia. Nem lhe mexi», relata, acrescentando que a rela teria entre uns três a quatro centímetros, o que a aproxima do tamanho de um grilo. 

   O biólogo Marco Caetano, que estudou na Universidade de Évora e é especialista em répteis e anfíbios, explica o fenómeno com uma mutação que altera a pigmentação da pele.

   Assume tratar-se de um caso raro, tendo ainda conhecimento de uma rela que adoptou a cor azul (embora com um tom menos intenso) como efeito de mimetismo. «Estava numa piscina azul e mudou de cor. Quando foi retirada voltou à cor original», revela.
 
 
Mas o que são, afinal, as relas?

 
Dá-se o nome de rela às rãs arborícolas. É um pequeno Anuro com 3,5 a 4,5 centímetros de comprimento e raramente ultrapassa os 5 centímetros, como atesta um texto publicado pela LifeCharcos. A cabeça é mais larga que comprida, com focinho curto e arredondando. Tem olhos proeminentes, com pupila horizontal elíptica e íris dourada. Tímpano pequeno, mas bem visível. Extremidades anteriores e posteriores compridas, com 4 e 5 dedos respectivamente. As relas possuem discos adesivos na ponta dos dedos, o que lhes permite trepar pela vegetação. Membranas interdigitais relativamente bem desenvolvidas nas patas posteriores.
A pele do dorso é muito brilhante e sem verrugas, de cor verde alface, algumas vezes apresenta matizes acastanhados ou amarelados, variando consoante o substrato, temperatura e humidade. Por serem de um tom verde-claro, maioritariamente, próximo ao das plantas que crescem perto de água, passam facilmente despercebidas.
Existe dimorfismo sexual sendo que as fêmeas são geralmente maiores e mais robustas do que os machos. Os machos apresentam um grande saco vocal que, em repouso, surge como numerosas pregas de cor amarela na região da garganta, enquanto as fêmeas têm a pele da garganta lisa e mais clara. Além disso, durante o período de reprodução, os machos apresentam pequenas rugosidades nupciais no primeiro dedo das patas anteriores.
Na época de acasalamento, o macho coaxa um intenso e sucessivo guec-guec-guec que se ouve bem à distância.
 

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