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2023-03-10

«Juromenha está a 300 metros de Villareal, mas temos de fazer 40 Km para lá chegar»


O presidente da Câmara do Alandroal lamenta que a fronteira entre o Alentejo e a Estremadura espanhola seja rica em potencial, mas pobre em acessibilidades que abram horizontes a uma maior aproximação de ambas as regiões. «Falta a navegabilidade do rio Guadiana e não existe travessia», diz João Maria Grilo, alertando para os prejuízos que estas lacunas arrastam ao sector turístico, com impacto negativo na economia local
 
TEXTO l Roberto Dores


Juromenha, à esquerda, Villareal, à direita. Tão perto, mas tão longe
 
   «Nós estamos muito próximos de Espanha, mas temos uma barreira muito grande de um lado para o outro», alerta o autarca, pegando no exemplo que melhor ilustra o actual estado de coisas. «Juromenha está a cerca de 300 metros de Villareal (Olivença) pelo rio, mas temos de fazer 40 quilómetros por estrada para lá chegar. Isto é uma barreira que é preciso alterar», defende o autarca.

   Há vários anos que João Maria Grilo se coloca ao lado da importância da abertura do Guadiana à navegabilidade entre Badajoz e o paredão de Alqueva, a par da construção de uma ponte sobre o rio que aproxime, efectivamente, Juromenha e Villareal. «Isso permitia dar um salto atractivo para a movimentação de pessoas. Seria um salto de dinâmicas económicas gigantesco em relação ao que temos hoje», defende, alertando para a necessidade do turismo transfronteiriço ser colocado no centro da agenda. 


   «Claro que isto implica investimento de alguma relevância, mas é preciso perceber que devemos estar todos ligados e acabar com a ideia de que o Mundo acaba onde começa a água», acrescenta o autarca que falava ao Sul Ibérico à margem do Encontro da Rede das Estações Náuticas do Alentejo, que juntou os municípios do Alandroal, Avis, Moura, Odemira, Reguengos de Monsaraz e Sines.



O músculo da promoção conjunta. Dentro e fora do país

   O encontro foi inserido no Festival do Peixe do Rio, que decorre no Alandroal até domingo, tendo João Maria Grilo atribuído «forte potencial» ao trabalho em rede das estações náuticas já certificadas. «Estando em pontos diferentes do Alentejo, podem ser promovidas em conjunto, num pacote único, com mais probabilidade de sucesso, no país e no estrangeiro, do que se aparecerem isoladamente», diz, sustentando que o desafio que autarcas e técnicos têm pela frente passa por «afirmar a oferta, atrair mais investidores e parceiros e gerar mais dinâmica».  

   O autarca assume que, neste caso particular, Alandroal tem boas condições de sucesso, ambicionando escancarar as portas do concelho às actividades náuticas, com promoção turística, cultural e económica. «A praia das Azenhas d´el Rei dinamizou a actividade  durante o Verão, mas depois reflectiu-se na procura de casas nas aldeias vizinhas. Há uma certeza que este investimento tem retorno», atesta João Maria Grilo, que já tem em carteira mais dois pólos de atracção turística nas margens de Alqueva. 

   Um fica no Rosário, chamado «Águas Frias», enquanto o Centro Náutico de Juromenha se encontra em estado mais avançado. Está praticamente concluída a adaptação que teve de ser feita no projecto, uma vez que não podia seguir o conceito de praia fluvial. «Vamos procurar agora oportunidades de financiamento que esperamos encontrar entre o Alentejo 2030 e o Turismo de Portugal à semelhança do que fizemos com as Azenhas d´el Rei», resume o edil.
 
 

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