«É normal, nós estamos sempre em maioria nas várias caminhadas em que participamos. Os homens são menos dados a isto», começa por explicar Francisca Almeida, um dos nomes que integra a «equipa» das Caminheiras do Alandroal. Juntaram-se há cerca de quatro anos, mas hoje somam 16 elementos.
E têm homens no grupo? «Só os maridos de algumas, mas vêm pouco. Alguns trabalham aos sábados. Nós é que gostamos muito disto. Do convívio, da animação, deste contacto com a natureza. É tudo bom», dizem-nos à passagem do quilómetro quatro, quando há ordem de paragem para se beber água e comer uma maçã.
Ainda faltam mais de 10 quilómetros - umas duas horas - para concluir a «jornada» que se inscreve no Festival de Caminhadas Transalentejo, embora o grupo assuma que este circuito «é facílimo». Ficamos a saber qual é o pior. «A Serra d´Ossa é que é dura. Até me caíram lá as unhas dos pés», confessa à gargalhada Francisca Almeida.
Hoje as Caminheiras do Alandroal equipam de laranja. Nas costas transportam pequenas mochilas com água, frutas, bolachas e outros argumentos para retemperar forças. O protector solar é indispensável, que o sol ainda está quente. «Motivos de conversa também há sempre. Estamos sempre a falar. Até já nos disseram que só ouvem os passarinhos e nós, mas tudo isto faz parte», assume, revelando que para os próximos tempos já têm três caminhadas na agenda. Uma em Outubro e duas em Novembro.
E treinam? «Sim. Umas fazem caminhadas com frequência e outras vão ao ginásio», relatam-nos, enquanto do lado dos homens a narrativa é, manifestamente, menos exuberante.
João Belo, que viajou de Lisboa para o evento de Terena, faz o percurso ao lado de três amigos. Vão conversando calmamente e abrandam o diálogo nas parcas subidas que precisam de vencer. «As mulheres estão em melhor forma, de facto. Estão mais habituadas a este desporto. Os homens ainda preferem estar tranquilos, beber uns copos, jogar à sueca ou bisca lambida», admitem.
«Basta ver o que se passa nos ginásios. Há sempre muitas mais mulheres, talvez porque sejam mais preocupadas com o aspecto físico. Gostam de se manter em forma», sublinha.
A caminhada prossegue rumo às margens da barragem de Lucefecit. A paisagem vai surpreendendo à medida que o percurso se revela. Valeu a pena.
