2022-06-14
«Música cigana é bonita e tem letras incríveis»
É o próprio Nininho Vaz Maia o primeiro a colocar a fasquia lá bem no alto para lançar o concerto agendado para dia 2 de Julho em Elvas. Assume que gosta de subir ao palco e sentir a pressão. Ou melhor, habituou-se à ideia. Na conversa com o Sul Ibérico, numa parceria com a Associação Juvenil Arkus, o mais recente fenómeno da música portuguesa admite que não se sabe definir como cantor. Nem quer. Porque faz parte da inovação que abraçou desde 2019. Entretanto, tece rasgados elogios à música e letra dos ritmos ciganos.
Preparado para enfrentar o público de Elvas? Faltam menos de três semanas.
(Risos e um ligeiro ajeitar de óculos escuros na cara). Estou a acostumar-me a lidar bem com a responsabilidade e com algum peso. Convivo com isso desde os primeiros concertos e quero seguir assim.
Como assim? A pressão tem tradução em palco?
Transforma. Vamos a isso. Eu nasci para a luta, como diz a música (Mais risos).
E o que espera encontrar no Coliseu José Rondão de Almeida, sabendo que experiência a cantar no Alentejo não lhe falta?
Quando comecei a cantar andei pelo Alentejo, cerca de ano e meio a dois anos, a cantar nos bares. As pessoas gostam muito do nosso estilo musical, que faz parte de vocês (alentejanos) também.
Sabe que vai ter uma plateia exigente. A raia conhece bem estes ritmos.
Sim. É um público que tem bom ouvido e está habituado a esta música. Eu quero provar que sei inovar, mas sem esquecer as minha raízes, como diz o meu albúm. O que me pedirem eu canto e quero que cantem comigo. O concerto não é meu, é de todos nós. Nem eu permito estar uma hora e meia a cantar sozinho. Exijo que cantem para mim também.
Diz que se lembra de cantar desde sempre o que ia ouvindo na família. Mas hoje como se define, afinal, quando combina pop, com flamenco ou música cigana e latina?
Lembrei-me agora de um amigo que não me consegue definir como cantor. Se sou pop, se sou flamenco, se sou cigano. O que é que eu sou? Às vezes canto fado, na brincadeira. Também é essa a minha mensagem. Não me quero definir, quero inovar e, cada vez mais, provar que a música cigana é bonita de se ouvir e tem letras incríveis. Faz parte do meu projecto pegar em músicas de cantores ciganos e produzi-las novamente. Quero metê-las no ouvido de todo o mundo, mas o meu foco é Portugal.
E apesar de curta carreria, inciada em 2019, já tem herdeiro na calha. O seu filho já uma artista, com 14 anos?
O Cristiano tem lá tudo. O crescer dele vai ser estrondoso. Já canta comigo. Sim, é artista.