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2022-08-02

Não gosta de osgas? Olhe que fazem muita falta e estão em perigo

 
A aversão generalizada à osga é ancestral: Que é venenosa, que é peçonhenta, entre outros adjectivos que estão distantes da verdade. A osga faz é muita falta
 

   Cabe-lhe a missão de fazer o controlo de mosquitos, por exemplo. É capaz de comer 20 insectos por hora. Mas os dias deste pequeno lagarto não auguram um futuro promissor, numa altura em que já atingiu o estatuto de «Vulnerável» no Livro Vermelho dos Vertebrados, admitindo-se que o seu declínio seja continuado.

   A acusação mais comum diz que a osga provoca doenças de pele, como zona (vulgo cobro), febres altas e dores intensas quando entra em contacto com o homem. Que até podem levar à morte! Mitos e crenças que vitimaram a osga ao longo de séculos. Está tudo errado.


   Este réptil que costumamos ver nos nossos telhados, fachadas de imóveis e quintais é completamente inofensivo, sendo considerado mesmo pelos biólogos como um «bom insecticida», perante a elevada capacidade de devorar mosquitos.

   Não é de hoje que alguns biólogos vêm defendendo a necessidade de «derrubar» crenças instaladas entre a população. Isto numa altura em que a osga-turca, com uma distribuição mais restrita em território português do que a osga-comum, entrou definitivamente em declínio.

   Uma das características especiais deste réptil que levanta suspeitas entre a população, sobre a presença de veneno, está associada à forma como a osga liberta a sua cauda, que por instantes continua em movimento. Porém, este processo não é mais do que uma reacção defensiva do animal sempre que se sente ameaçado por algum predador.

   Ou seja, quando pressente que um gato ou uma ave de rapina (os seus principais perseguidores) estão prestes a alcançá-lo, joga a «última cartada». Solta o rabo para um lado e foge pelo outro, numa autêntica manobra e diversão. Como a cauda continua em movimento, consegue atrair a atenção do predador, dando tempo para que encontre «porto seguro». 

   O rabo há-de voltar a crescer, embora mais liso e curto, não recuperando a cor original. Aliás, a coloração entre as osgas é das características que apresentam maiores variações, podendo um exemplar alterar a sua própria tonalidade consoante o estado fisiológico ou quando procura camuflar-se no meio ambiente.
   
   Contudo, para os biólogos, o mais curioso é a capacidade da osga andar por superfícies lisas e de cabeça para baixo «durante horas a fio». Não o consegue com ventosas, ou com qualquer substância pegajosa, mas antes devido às inúmeras micro pilosidades que possui nas lamelas das patas. Como se de um velcro se tratasse.

   É com este mecanismo que logra chegar bem perto dos candeeiros, caminhando lentamente, para emboscar os mosquitos, atraídos pela luminosidade, as traças e as aranhas, apresentando-se como um voraz insectívora. Além dos vinte mosquitos em apenas uma hora, consegue caçar borboletas, saltando-lhes em cima depois de garantida uma curta distância da presa.
 

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