2023-11-09

O artesão que faz obras de arte com rolhas e um canivete

A imagem de capa exibe a Igreja dos Congregados, em Estremoz. Toda feita em rolhas, à excepção dos portões, que são de arame. Contas feitas, 11 meses de trabalho e 8 664 rolhas de cortiça permitiram erguer esta réplica. É a maior peça pode ser vista por estes dias na Festa da Vinha e do Vinho, em Borba. Mas há outras obras que também merecem uma visita ao stand do artesão Diogo Germano

TEXTO | Roberto Dores
 
   «Fiz esta igreja depois de muito estudo e ver fotografias de vários ângulos. Só a parte traseira é que não vi. Disseram como seria», revela, mostrando como delineou o telhado a imitar a telha antiga. «Fui retirando o miolo todo da rolha e depois cortei-a ao meio».

   Entre os principais monumentos da região encontra-se o Aqueduto da Amoreira de Elvas e o Templo Romano de Évora. O primeiro demorou nove meses e levou 3 092 rolhas. Menos matéria-prima que o segundo.: 4 393 rolhas ergueram o Templo, que surge com as colunas pintadas a cinzento para imitar o granito. Ao lado estão as Portas dos Nós, de Vila Viçosa, com portão em ferro.

   Mas há mais para ver. «São trabalhos mais fáceis», assegura, apontando para a lancheira, capacetes de construção civil e de motos, onde não falta o designado «penico». Também há presépios feitos com bocados de cortiça que passaram a ser procurados pelos coleccionadores, sapatos e um mocho (também em rolha), além de vários artigos em madeira.

   Mas voltando ao início. De onde vem, afinal, tanta rolha para todas estas peças. Além das obras que estão em exposição na Festa da Vinha e do Vinho, Diogo Germano tem muitas mais que «não cabiam em três stands como este», diz-nos. Resposta: «As rolhas vêm de restaurantes, de amigos que as guardam para mim. Veja lá que até o Casino do Estoril se interessou por isto e também já arranjou rolhas. Tenho que lhes fazer um exemplar para terem lá», assume.

   E de onde lhe vem a veia artística para esta arte sui generis? «Todos nós temos uma arte que temos de descobrir. Eu dantes trabalhava com peças de mármore e cheguei a fazer uma bicicleta em pedra que ficou famosa no país e ganhou uns prémios», recorda, admitindo que com o avanço da idade optou por uma matéria-prima mais leve. Uma poupança significativa nas dores de costas do artesão.
 

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