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2023-03-29

O lado bom da pandemia. Pais tiveram tempo para filhos especiais e o resultado é fantástico

 
Afinal, nem tudo foi completamente mau em tempos de pandemia. A possibilidade dos pais -  com filhos a necessitarem de intervenção precoce - ficarem em casa, abriu uma espécie de «auto-estrada» na aproximação entre os progenitores e as crianças. Um passo que viabilizou o reforço de algumas terapias, como fala, ocupacional ou psicologia, que conduziram a significativas evoluções dos menores durante os confinamentos

TEXTO l Roberto Dores


Liliana Figueiras, coordenadora do Serviço de Intervenção Precoce de Estremoz, destacou que os pais são os «maiores especialistas nos seus filhos» 
 
   Eis os argumentos exibidos pela coordenadora do Serviço de Intervenção Precoce de Estremoz, Liliana Figueiras, que pegou no exemplo potenciado pela pandemia para defender a necessidade dos pais terem mais tempo para os filhos com mais dificuldades de aprendizagem ou outras. 

   «Quando os miúdos estão connosco, os pais vêem-nos muito como técnicos e acham que nós é que fazemos e pronto. Mas não. 30 ou 40 minutos de terapia connosco não valem de nada se os pais não derem continuidade a semana inteira», alertou, sustentando que os progenitores são parte fundamental neste processo por serem «os maiores especialistas nos seus filhos».

Assistência celebrou os 20 anos da Equipa Local de Intervenção de Estremoz
 
   E o que aconteceu durante a pandemia foi paradigmático. «Não havia possibilidade de sermos nós a trabalhar com as crianças. Tiveram que ser os pais, depois de os potenciarmos com conhecimentos da terapeuta da fala, terapeuta ocupacional e conhecimento do psicólogo. Os miúdos voltaram muito melhores», sublinhou a mesma responsável, à margem da assinatura de um protocolo que formalizou todo um percurso realizado há 20 anos pela Equipa Local de Intervenção, que apoiou 901 crianças do concelho, todas as que recorreram a este serviço.
 
Subcoordenador regional do Sistema Nacional de Intervenção Precoce, Júlio Coincas, falou das descobertas dos pais durante a pandemia
 
   Além da coordenadora do Serviço de Intervenção Precoce de Estremoz, participaram na assinatura protocolar o presidente do Município, José Daniel Sádio, e o subcoordenador regional do Sistema Nacional de Intervenção Precoce, Júlio Coincas, sublinhando que a tendência de recuperação das crianças registadas durante a pandemia se enquadra numa questão antiga debatida pela sociedade, que aborda a conciliação do trabalho com a vida familiar. 

   «Mas no dia-a-dia isso pouco acontece. Os trabalhos, cada vez, são mais absorventes e as famílias têm pouco tempo para os filhos», lamentou, assinalando que durante a pandemia muitos pais confidenciavam que havia características nos filhos que eles descobriram naquele ano e meio. 


   «Isso foi fundamental para que as crianças se sentissem mais apoiadas, com a companhia do adulto familiar. Houve tempo efectivo de educação e desenvolveram capacidades que todas as crianças têm, mas umas desenvolvem mais rapidamente do que outras», referiu.

 
Presidente da Câmara de Estremoz, José Daniel Sádio, elogiou trabalho de duas décadas junto de 901 crianças do concelho

   O presidente da Câmara de Estremoz também não deixou passar a oportunidade de subscrever a necessidade das famílias terem mais tempo para as suas crianças nas idades em que mais precisam, «com as consequências que isso tem no seu crescimento», disse o autarca, aplaudindo o trabalho de duas décadas promovido pela Equipa Local de Intervenção, considerando tratar-se de um «porto de abrigo» e um espaço de apoio que tem contribuído para «mitigar as dificuldades surgidas» no concelho.

   Tem sido fundamental o apoio prestado por esta equipa de intervenção precoce e os pequenos grandes nadas que esta equipa teve no apoio a estas pessoas», insistiu José Daniel Sádio, para quem as 901 crianças apoiadas em 20 anos conduzem a este raciocínio: «Se nos alerta para as dificuldades que sentimos, também destaca a importância deste trabalho que tem sido uma mais-valia no apoio às famílias». 
 

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