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2023-05-05

«O meu filho vive em Olivença, mas já prefere falar Português»

 
A revelação foi feita pelo alcaide de Olivença esta manhã, durante uma conferência que assinalou o Dia Mundial da Língua Portuguesa


TEXTO l Roberto Dores


Alcaide de Olivença, Manuel González Andrade, ao lado de Ribeiro e Castro esta manhã durante a conferência que assinalou o Dia Mundial da Língua Portuguesa 
 
   O autarca Manuel González Andrade avançou ao Sul Ibérico que o filho tem apenas ano e meio, mas já exibe uma tendência para falar mais Português do que Castelhano. «É muito curioso, mas ele vive em Olivença, convive em Olivença, falam com ele em Castelhano, mas ele domina melhor a língua Portuguesa, porque é a língua materna», admite o autarca.

   A mãe é de Elvas. «A minha mulher fala-lhe em Português e eu em Espanhol, mas ele já prefere falar Português», insiste Manuel González Andrade, acreditando que as raízes portuguesas da vila com 800 anos -  que durante cinco séculos pertenceu a Portugal - estão a juntar cada vez mais interessados do lado de lá do Guadiana.

   Nesta altura, além dos alunos terem Português no currículo - como acontece em todos os estabelecimentos de ensino da Estremadura espanhola - Olivença conta com a particularidade de ter no colégio público uma disciplina bilingue Português/Espanhol na infantil, sendo caso único na comunidade autónoma, para os meninos e meninas dos 3 aos 5 anos. 

   É a autarquia que disponibiliza um professor de Português para quem quiser aprender, admitindo o autarca que há caminho a percorrer na tentativa do Português Oliventino ser declarado «bem de interesse cultural».

   O desígnio tem sido perseguido nos últimos anos, também à boleia da promoção do ensino do Português junto de crianças - e não só  - «mas já não será como língua materna», como sublinhou Joaquín Mora, o antigo diretor da escola primária local. «A língua materna que os nossos avós falaram em Olivença perdeu-se nos anos da ditadura. As novas gerações já vão aprender o Português dito normal, não o daquele tempo», sublinhou.

   Aos dias de hoje há 1200 estudantes entre a primária e o ensino secundário. Cerca de 800 aprendem o Português.

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