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2023-02-17

O projecto do Alandroal que conquistou os jovens de Guimarães

 
O programa de recuperação de casas entre a população desfavorecida do Alandroal, que decorre há três anos, seduziu o presidente da Casa da Juventude de Guimarães, que detém o pelouro da Juventude naquela autarquia. Alexandre Simões foi peremptório ao saber da abertura do projecto ao voluntariado, assegurado por estudantes universitários: «Quero os meus jovens envolvidos nisto. Temos a oportunidade de construir alguma coisa»

TEXTO | Roberto Dores

   O exemplo da recuperação de casas no Alandroal, consideradas em estado de «pobreza habitacional extrema», esteve em foco no 1º Encontro Transfronteiriço de Cidadania Activa para os Valores da Unesco, que teve lugar em Estremoz, com o presidente da Câmara alentejana, João Maria Grilo, a revelar que a parceria entre o Município, a Fundação Manuel António da Mota e a Associação Just a Change já permitiu recuperar 13 habitações beneficiando 19 pessoas. «São famílias que não tinham, por exemplo, condições de cozinhar, nem instalações sanitárias», referiu o autarca.
O antes e o depois da requalificação
 
   O processo começa com a sinalização dos casos mais graves, sendo depois contactados os proprietários dos edifícios para aferir se concordam com a intervenção. Perante a «luz verde» avança a obra - sempre durante o Verão - com a participação dos jovens estudantes universitários de todo o país, que são acompanhados por técnicos de construção. Há também ligação aos construtores locais. 

   João Maria Grilo enfatiza a interacção que o programa potencia entre os jovens e as  comunidades locais. No primeiro ano os jovens ficaram alojados nas piscinas, mas a autarquia percebeu depois que também era importante que ficassem nas aldeias. «Para que as comunidades percebessem o que estavam a fazer, dessem valor ao que estava a acontecer e porque é que o município investe desta forma neste tipo de projectos», justificou o autarca, revelando como uma antiga escola primária foi adaptada para alojamento de voluntários. «Dormiram na aldeia, foram à praia, comeram nos restaurantes locais. Todos sabiam os que eles estavam a fazer e isso trouxe mais receptividade para o projecto», explica o edil.

Presidente da Câmara do Alandroal, João Maria Grilo, quando explicava o programa de recuperação de habitações degradadas

   Ao longo dos três anos foram envolvidos 76 voluntários  e um investimento total de 132 mil euros, repartidos entre a Câmara e a Fundação. A autarquia tem vindo a preparar a próxima intervenção, embora já comece a ter dificuldade em encontrar situações de pobreza que se encaixem neste programa. «Significa que, tirando uma situação pontual em que as pessoas recusam a intervenção, já não existe pobreza habitacional extrema no concelho».  

   Em perspectiva estão antes intervenções de menor dimensão, como telhados ou acessibilidades, tendo ainda o autarca alertado para a questão da integração social. «Este processo traz de volta o orgulho de pertencer à sociedade, colocando estes moradores de novo em contacto com as pessoas. Ganham uma nova alma», assegura o autarca.

Alexandre Simões, segundo a contar da direita, aplaudiu o projecto do Alandroal

   Detalhes de um programa que «encantou» o pelouro da Juventude de Guimarães. Alexandre Simões revela que já contactou a Associação Just a Change para garantir que os jovens da cidade do Minho vão ter lugar em próximas acções. 

   «Se não for este Verão, vamos tentar no Verão de 2024. Seria fantástico termos os nossos jovens a fazerem voluntariado no Alandroal, num programa com esta carga social, a viverem nas aldeias e em contacto com outras realidades», assume o presidente da Casa da Juventude de Guimarães, sublinhando já ter participado em dezenas de campos de férias, «mas raramente se deixa alguma coisa. O maior detalhe deste programa é que temos a oportunidade de construir alguma coisa para ajudar pessoas para a vida». 
 

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