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2022-11-05

Pardais estão em crise, mas ainda dormem aos milhares num plátano de Santa Eulália

 
Chegam em bandos ao fim da tarde e reúnem uma chilrear intenso que ecoa pela freguesia de Santa Eulália (Elvas). O «gigantesco» plátano do jardim é dormitório para milhares de pardais que durante o o dia percorrem os campos da região por esta altura do ano

   O vídeo que exibimos no final do texto mostra o fenómeno que acontece quando a noite se aproxima em contraciclo com a acentuada tendência que sublinha o estado de crise que atinge esta espécie. 

   Há uma explicação científica à "boleia" do relatório Estado das Aves em Portugal, que também inclui na lista do declínio os pintassilgos e os cucos.

   Segundo os dados revelados pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) sobre várias espécies de aves comuns no nosso território, conclui-se que há muitas aves cujo número tem vindo a declinar, na sequência de factores tão diversos como alterações na paisagem agrícola, alterações climáticas ou até capturas acidentais pelas artes de pesca na zona do Litoral Alentejano.

   Diz o estudo que há mais aves dos campos que estão a desaparecer a um «ritmo assustador», existindo, por exemplo, metade dos sisões que havia há uma década, enquanto a população de rola-brava diminuiu 80% nos últimos 15 anos. «Ao mesmo tempo, aves como a águia-caçadeira, a petinha-dos-campos ou a calhandrinha-comum, que dependem de práticas agrícolas mais tradicionais, encontram-se confinadas a áreas cada vez mais pequenas».

   O Relatório mostra, porém, que estes não são casos isolados: os dados recolhidos em vários programas de monitorização convergem na conclusão de que, como consequência da intensificação da agricultura, com o investimento no regadio intensivo, nas estufas e nos agroquímicos, as aves de zonas agrícolas estão em declínio.

   «Para salvar o património natural dos nossos campos, Portugal tem que investir muito mais dinheiro da Política Agrícola Comum na gestão adequada dos sistemas agrícolas extensivos, como os mosaicos de cereal e pousio e os olivais tradicionais, que produzem menos mas contribuem para a conservação da biodiversidade, dos solos e da água», segundo avança Domingos Leitão, dirigente da SPEA.
 

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