Notícias

2023-11-18

Professor deixou de caçar por pena dos animais e ficou-se pelo bilhar

 
António Telmo foi professor em Estremoz ao longo de 30 anos. Filósofo, pensador, escritor. Quem melhor o conheceu testemunhou dois dos seus talentos dos tempos livres: a caça e o bilhar. «Até têm ligação. Ambos tentam acertar num alvo. A bala e a bola, duas palavras tão próximas», destacou António Cândido Franco, autor e narrador, após o lançamento do livro «A Glória da invenção - uma aproximação ao pensamento iniciático de António Telmo

TEXTO | Roberto Dores
 
   Desde muito novo que se notabilizou por disparar certeiro com recurso à velhinha fisga. Hábil a matar pássaros, ainda criança, em Almeida, a terra onde nasceu a 2 de Maio de 1927. Quis o destino que Estremoz se cruzasse no caminho de António Telmo. Aqui chegou em 1980. Nessa altura já caçava com arma de fogo, algures pela Serra de Ossa. Mas um dia viria a arrepiar caminho.

   Os encantos da serra conquistaram-no de forma arrebatadora, levando-o a «encostar» a arma. «Passou a ter compaixão pelos animais. Começou a preferir caminhar na serra, ouvir os pássaros, observar os animais. A partir de determinado momento achou que a relação do homem e da natureza não podia passar pela morte, mas pela contemplação e respeito», justificou António Cândido Franco.

António Cândido Franco acrescentou que a «pontaria exímia» que António Telmo ia demonstrando passou a ser aplicada apenas na mesa de bilhar, à volta da qual se juntava com os amigos.

   António Telmo viria a falecer em 2010, mas este sábado a sua memória foi evocada no Museu Berardo em Estremoz, onde teve lugar o lançamento do livro da autoria de Pedro Martins e Risoleta Pinto Pedro, que contou ainda com a apresentação de Elísio Gala e leitura de textos de Mara Rosa.


 
   Já o presidente da Câmara de Estremoz, José Daniel Sádio, sublinhou a importância do concelho «puxar» por referências como António Telmo. «Num Mundo cada vez mais desregulado e com menos pensamento é fundamental haver estes oásis de racionalidade e raciocínio», destacou o autarca, recordando como António Telmo deixou «marca» em Estremoz. «Não só enquanto professor e educador, mas também enquanto alguém que esteve muito activo e que pensou a sociedade e a partilhou com muitos amigos».

   Em cima da mesa ficou um desafio lançado por Pedro Martins sobre o centenário do nascimento de António Telmo (em 2027), que mereceu a abertura da porta por parte de José Daniel Sádio. Aliás, o autarca vê com bons olhos que Estremoz venha a ser o palco para o lançamento de toda a biografia que está a ser preparada sobre a obra do professor.

Artigos Relacionados

« Voltar