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2023-05-15

«Quando a mãe sofre violência a criança sofre efeitos diabólicos»

O alerta foi deixado pelo médico e cirurgião pediátrico, Rui Rosado, durante um debate, no Alandroal, promovido pelo Destacamento de Évora da GNR no âmbito do Dia Internacional da Família
 
TEXTO l Roberto Dores

 
   O especialista viria a aplaudir a evolução que a sociedade tem feito em torno da prevenção da violência doméstica. «A preocupação da GNR já não é o tiroteio ou o assalto à mão armada. É a violência», sublinhou, lembrando como o «conflito de interesses» entre casais, por exemplo chegam a atingir «aspectos dramáticos e trágicos com destruição da vida humana ou de personalidade».
 
   Continuemos a escutar Rui Rosado:«Quando a mãe sofre efeitos de violência, a criança sofre efeitos diabólicos na sua estrutura de personalidade e na sua própria condição física», alertou o médico, congratulando-se com as respostas que estão a ser dadas por «um painel de instituições», traduzindo uma «grande diferença» comparando com a realidade de há 30 anos.


   E como era há três décadas? «Andávamos com as pessoas ao colo, íamos ao tribunal. O tribunal estava ainda incipiente. O Ministério Público estava também a preparar a intervenção e a defesa da criança no plano jurídico. Hoje não. O cidadão já não se pode esconder, é uma cobardia a cumplicidade sobre a vítima morta», acrescentou, sem perder de vista como a violência doméstica passou a crime público.

   A abordagem do médico foi ao encontro da introdução feita pelo tenente-coronel Paulo Poiares, comandante do Comando Territorial de Évora da GNR, asseguram que a prevenção de comportamentos desviantes e a segurança são a prioridade da Guarda, sobretudo, «junto dos mais vulneráveis. Só assim o trabalho da actividade da Guarda poderá responder à necessidades, anseios e expectativas do cidadão».


   Paulo Poiares deixou ainda estas questões: «Será que estamos perante um novo conceito de família? Estão as famílias a delegar nas escolas a responsabilidade da educação na transmissão de valores? A exigência da sociedade ao nível dos mercados de trabalho não permite conciliar com as responsabilidades familiares? Estamos a criar jovens menos responsáveis e mais violentos? Ou é apenas uma percepção de uma geração perante a ascensão de outra mais moderna e tecnológica?»

   Já antes o presidente da Câmara do Alandroal, João Maria Grilo, alertava «para uns tempos de grande transformação», onde a pandemia «alterou alguns dos pressupostos com que vivíamos até aqui», onde se inscrevem também novas oportunidades à boleia de outros processos de flexibilidade no trabalho.

   «Vem dar mais espaço aos pais para a gestão da sua vida familiar, sobretudo, nos primeiros anos de vida das crianças, tendo estado a haver um grande incremento nessa parte», referiu o autarca, defendendo o esforço que a sociedade tem de fazer «para caminhar para situações de maior equilíbrio» entre o pai e a mãe.


   «Vivemos momentos de grandes desafios», insistiu João Maria Grilo, apelando ao contributo de todos para encontrar soluções que permitam garantir mais realização aos cidadãos «na conciliação entre uma vida profissional, cada vez mais exigente, e uma vida familiar, à qual temos que dar resposta», disse. O autarca enfatizou que a vida familiar «é, no fundo, o suporte para tudo o que fazemos.»  
 
 
 


 
 
 
 

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