2024-01-12

Restrições no grande lago comprometem investimentos no Alentejo

Vinte anos depois do fecho das comportas os autarcas da região alertam que o crescimento turístico que se perspectiva para a zona do grande lago não pode continuar dependente do «velho» Plano de Ordenamento da Albufeira de Alqueva (POAP). Alegam que é urgente adaptar as regras a nova realidade para não deixar escapar investimento

TEXTO | Roberto Dores
 
   João Maria Grilo, presidente da Câmara do Alandroal, exibe os argumentos dos municípios. «Ao fim de cinco ou dez anos já se percebia que o plano não estava ajustado a todas as necessidades. Estava a limitar o crescimento e desenvolvimento na envolvente de Alqueva», sublinha o autarca, reportando-se, sobretudo, à área do turismo e de algumas actividades económicas que esbarraram com o muro das imposições do POAP.

   O edil relembra como já há uns anos os autarcas vêm pedindo maior margem de manobra, lamentando que este processo se tenha arrastado, mantendo-se inalterado até aos dias de hoje. «É necessário fazer a revisão», reclama João Maria Grilo, dando especial ênfase às questões da navegabilidade do rio Guadiana e do acesso à água nas margens portuguesa e espanhola, alertando para a necessidade de «pensar seriamente na criação de pontos especiais para o desenvolvimento turístico».

   Dá o concelho do Alandroal como exemplo. O POAP prevê a criação de áreas recreativas e de lazer em três locais (Juromenha, Águas Frias do Rosário e Azenha d´el Rei) onde é possível desenvolver actividade turística junto à água, embora com três níveis diferentes de possibilidade de actuação para cada uma das localidades.

   Porém, o que João Maria Grilo preconiza é que em lugar do plano restringir pontos concretos para desenvolver este tipo de actividades com áreas limitadas, permita antes estabelecer um tecto máximo de projectos.

   «A ideia é possibilitar que eles fossem flexíveis nos territórios, indo ao encontro dos locais que mais interessantes para fazer esse desenvolvimento. Quer para os municípios, quer para os privados», sublinha o autarca, mostrando-se mais apreensivo com o projecto de navegabilidade que se ambiciona para as Águas Frias.

   «É um sítio muito bonito, mas está quase na foz do Lucefécit. Está fora do plano principal de água. Vamos tentar resolver este problema, porque é difícil desenvolver uma área recreativa e de lazer sem navegabilidade para dali até ao plano principal de água», destaca.

   As preocupações de João Maria Grilo são acompanhadas pelo próprio presidente da Entidade Regional de Turismo do Alentejo. No dia da apresentação da sua candidatura à liderança da ERT, José Manuel Santos assumiu que têm surgido vários investidores «deslumbrados com Alqueva», ao longo dos anos, mas as intenções de investimento foram esbarrando com as restrições impostas pelo plano de ordenamento na zona de influência de albufeira. 

   Acrescentava que é chegada a hora da região debater o tema para aliviar as condicionantes ao investimento que perdura desde o fecho das comportas. Vai para 20 anos.
 

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