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2023-09-27

Ser poeta é ser mais alto. A mulher que há 100 anos usava calças, fumava e casou 3 vezes

 
Nasceu em Vila Viçosa a 8 de Dezembro de 1894, numa casa que, entretanto, foi demolida. Rebelde, disruptiva obstinada, orgulhosa. Casou por três vezes. Usava calças e fumava. Foi baptizada como Flor Bela Lobo, mas preferiu autonomear-se Florbela d'Alma da Conceição Espanca. Vila Viçosa tem em carteira um projecto para promover a poetisa alentejana que escreveu «Amar perdidamente». E muito mais
 
TEXTO l Roberto Dores
 
   Façamos um exercício. Conseguiremos, aos dias de hoje, perceber as tremendas ousadias - assim, no plural - que marcaram a vida de Florbela diante de uma sociedade conservadora e até escura pelo cinzento carregado? Mulher de calças, fumadora, três maridos. Havia de se matricular na faculdade de Direito, na Universidade de Lisboa.

   Um dia antes de celebrar 36 anos decidiu partir. Estava em Matosinhos. Avisou a sua empregada (Teresa) que queria dormir sem que nada a perturbasse. Mas acabou por tomar «Veronal» - um soporífero extremamente vigoroso - com leite.
 
   A vida e obra da poetisa surgem agora na linha da frente de um projecto definido pela Câmara de Vila Viçosa, que aponta à criação de um «circuito florbeliano», que ambiciona valorizar o legado da poetisa, sendo depois integrado na rota de turismo literário ao nível do distrito de Évora, que engloba nomes como José Saramago ou José Luís Peixoto.

   A autarquia viu ser aprovado um apoio de 300 mil euros do Turismo de Portugal. «Vamos avançar para a reabilitação do edifício onde Florbela viveu e onde casou pela primeira vez», revela o vice-presidente do Município, Tiago Passão Salgueiro.

   É da futura casa museu, na rua Gomes Jardim, que parte o roteiro. O objectivo passa por tentar criar aqui uma dinâmica em torno do legado da poetisa, aproveitando o espólio de alguns coleccionadores.

Esta é uma das três casas onde Florbela Espanca viveu em Vila Viçosa, na rua que tem o nome da poetisa Aqui nasceu recentemente um projecto privado.
 
  «Há muitos poemas, manuscritos, pinturas, fotografias ou objectos pessoais. Queremos pegar nesse acervo e concentrá-lo na casa museu. Temos a garantia de colaboração do grupo dos Amigos de Vila Viçosa, que tem o espólio oferecido por Mário Lage (último marido de Florbela) aquando da sua morte», sublinha o autarca.
 
 
 

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