Em declarações aos jornalistas, Sócrates lamentou “o ponto a que se chegou”, sublinhando que o comportamento do tribunal criou um clima de “tamanha hostilidade” que afetou tanto a dignidade profissional do advogado como a própria capacidade de assegurar uma defesa eficaz.
“O tribunal desenvolveu uma tamanha hostilidade à minha defesa e ao meu advogado, que ele achou que tinha chegado a um ponto em que isso ofendia a sua dignidade profissional e também a capacidade para exercer convenientemente a minha defesa”, afirmou.
O ex-governante garantiu ainda que Pedro Delille “é completamente inocente” e que “nunca fez nada que desrespeitasse o tribunal”.
“Aquilo que a senhora juíza fez ao destratar o meu advogado, considerando que ele estava a incitar-me a qualquer espécie de brincadeira a propósito do depoimento da minha mãe, pura e simplesmente não é verdadeiro”, acrescentou.
A tensão entre a juíza Susana Seca e o advogado intensificou-se na passada quinta-feira, após Pedro Delille ter chegado atrasado ao julgamento. O causídico presumiu que a sessão começaria mais tarde, uma vez que a mãe de José Sócrates, testemunha agendada, não compareceria por motivos de saúde.
Durante cerca de meia hora, Sócrates foi representado por uma advogada oficiosa, e a juíza acabou por repreender Delille e efetuar uma participação à Ordem dos Advogados, afirmando: “Acabou a brincadeira!”
José Sócrates justificou a ausência da mãe, de 94 anos, com recomendação médica.
“A minha mãe tem o direito de não prestar declarações, mas a razão pela qual não presta é porque não tem condições de saúde para se deslocar ao tribunal e enfrentar toda a carga que envolve uma testemunha como ela”, explicou.