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2023-04-23

Somos 350 em Évora Monte. É sopa de tomate para todos, se faz favor

 
Mais de cem quilos de tomate. «Serão 120 bem pesados», admite Rui Dias, o cozinheiro de serviço que faz comida em quantidades industriais «por gosto». Sabe-se lá mais quantos quilos de cebola. Os alhos também «saltam» para o refogado. Depois entram o louro e os orégãos. Há sal q.b., como sempre, e apenas um «cheirinho» de azeite, porque - ficámos a saber - a gordura que dá aqui o sabor vem do toucinho frito. O pão e os enchidos já aguardam no prato. Está pronta a sopa de tomate para 350 pessoas. Talvez mais uma ou duas dezenas
 
TEXTO l Roberto Dores
 
   Manhã de domingo em Évora Monte. Regressa a Caminhada por Terras da Convenção, a mesma que pôs fim a seis anos de guerra civil entre absolutistas e liberais. Cerca de 350 pessoas aquecem no polidesportivo, ao ritmo do arrojado zumba, para mais de seis quilómetros de um percurso que arranca direito ao castelo. Plano inclinado a abrir, porque o resto foi canja. Bom, se calhar não.

   As fotos que partilhamos na nossa página do Facebook são as melhores aliadas da nossa reportagem. Vá até lá espreitar. 

Neste espaço seguimos directos para a frente dos dois fogões industriais onde Rui Dias, 56 anos, começou  a confeccionar a sopa de tomate pelas 08.00 horas. 

   «Cheguei às 06.30, para vir com tempo, mas comecei a fazer isto hora e meia depois», conta-nos. Mas como é que se calculam umas sopas para 350 pessoas? «É a olho. Também não sei explicar muito bem. Olhe aqui, ainda sobrou uma panela. Eram seis», diz o cozinheiro de serviço, cuja vida profissional até está ligada à cortiça, mas é célebre em Évora Monte, precisamente, pelo «dom» de deitar mãos a petiscos que vão à mesa de grandes grupos. 


   «A sopa de tomate é uma receita que aprendi com pessoas que faziam como antigamente. Mas quantos mais condimentos ela tiver, melhor. Ora, cheire lá estes orégãos. São do melhor que há e isso ajuda muito», atesta.
 
   Os colegas de Rui Dias fizeram o resto, que não foi pouco. Fritaram quilos e quilos de enchidos, cortaram o pão e conseguiram ter tudo preparado para criarem três balcões que serviram os 350 comensais que formavam filas de prato em riste.

   Escutemos o presidente da Junta de Freguesia de Évora Monte, promotora do evento onde a caminhada e a tradição da sopa de tomate se cruzaram. De onde surge a ideia da sopa de tomate para todos? «Começámos com as caminhadas integradas nos trilhos do concelho, em conjunto com o município, mas achámos que, só com as  caminhadas, não estávamos a fazer um serviço completo», descreve o autarca António Serrano para justificar a aposta em torno das sopas. 


Presidente da Câmara de Estremoz, José Daniel Sádio, elogiou a sopa e a logística. Presidente da Junta de Évora Monte, António Serrano, quer ainda mais participantes para 2024

   «As sopas de tomate começaram a ganhar a fama e ajudaram a trazer  mais pessoas a Évora Monte. Esperamos ter ainda mais gente para o ano», sublinha, revelando que a logística é grande, mas conta com a colaboração da «equipa e amigos» para fazer a festa, que já junta participantes de vários pontos do país, ajudando a «promover o património cultural, monumental e paisagístico».

   No horizonte está a possibilidade de elevar a fasquia e tentar inscrever o nome da freguesia no livro de recordes com a maior a sopa de tomate de Mundo. «Por acaso já falámos sobre o Guinness, sabendo que as coisas não são fáceis, mas podemos pensar nisso mais tarde», enfatiza António Serrano.
 
   
   O presidente da Câmara de Estremoz, José Daniel Sádio, também marcou presença neste ´sui generis´ convívio, aplaudindo a logística que tornou possível tremendo repasto. «Isto só é possível porque o concelho tem pessoas muito generosas que querem fazer o bem e vestem a camisola da sua freguesia para acolherem centenas de participantes», sublinhava o edil, elogiando «a qualidade tremenda das sopas de tomate e a essência desta terra em bem receber. Estes convívios são tão importantes», resumia.

 

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