2022-07-22

Um século de Bernardim Ribeiro entre fados e guitarradas

A noite anunciava-se por ela própria, numa espécie de dois em um, cruzando emoções e festa. Enquanto o Teatro Bernardim Ribeiro ganhava a «pulso» o sublime estatuto de «centenário», José Gonçalez, um filho da terra, subia ao palco para celebrar com os seus 35 anos de carreira com o fado na voz
 


   Casa cheia para uma noite com história. O Orfeão Tomaz Alcaide assumiu as honras de abertura. Ou boas-vindas. O ambiente estava no ponto para receber os 35 anos de carreira de José Gonçález, acompanhado de José Cid, Jorge Fernando, António Pinto Basto, André Amaro e Silvino Sardo.
 
 

   O próprio presidente da Câmara, José Daniel Sádio, assumia que o momento era singular, enquanto se preparava para o discurso oficial. Cem anos. Um século. 
  


   «Uma jóia arquitectónica de Portugal de raiz italiana. Uma sala onde tivemos o gosto de assistir aos melhores espectáculos que tiveram lugar em Estremoz e na região. Uma sala de boas memórias para todos os estremocenses», sublinhou o autarca, que fez questão de honrar os seus fundadores.
 
 
   Escutemos o edil: «Não nos esqueçamos que este teatro foi fundado pelo bairrismo dos estremocenses. Um grupo de estremocenses, de diferentes sensibilidades políticas e sociais, que se uniram», sublinhou, puxando pela valorização que a sala conferiu à terra, num «reflexo» do gosto dos fundadores pela cultura.
 

   Os seus nomes estão perpetuados na lápide que foi descerrada antes do espectáculo. Houve um aplauso forte da plateia para eles e para os familiares presentes. 
 


   O ministro da Cultura juntou-se à efeméride. Pedro Adão e Silva destacou a importância das localidades, sobretudo nos territórios de baixa densidade, manterem os teatros como espaço de encontro. «Lugar onde as comunidades se encontram e dialogam. É bom que saibamos perpetuar esse espaço nas nossas cidades», disse, admitindo que «faz parte da centralidade que a cultura tem. A cultura não é só um lugar de memória e de identidade. É também um pólo de atracção de desenvolvimento e da economia.»
  


Pedaços de história
 
»» Classificado como Imóvel de Interesse Municipal desde 1997, o Teatro Bernardim Ribeiro é uma dos ex-líbris da cidade de Estremoz e a principal sala de espectáculos do concelho.

 »» Iniciado em 1916, depois da tomada de consciência por parte de um grupo estremocenses da necessidade de construir uma sala de espectáculos, foi inaugurado em 22 de Julho de 1922, com a presença da Companhia Amélia Rey Colaço - Robles Monteiro. 

»» Insere-se na tipologia de teatros de inspiração italiana, o projecto é da autoria de Ernesto da Maia e as pinturas decorativas são do pintor Benvindo Ceia. Em frente aos camarotes, alternam pinturas a óleo, onde figuram grandes nomes da dramaturgia nacional de finais do séc. XIX e inícios do séc. XX. 

»» Em 1991 sofreu obras profundas de remodelação e restauro e em 2003, após um incêndio situado na área do palco, teve a recuperação integral daquela zona.
 

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