Vamos a um caso prático. Imaginemos um frigorífico depositado na rua, num local mais recôndito, que passou despercebido aos serviços camarários. Qualquer cidadão - o leitor, por exemplo - pode contribuir para acelerar a sua recolha. Basta tirar uma foto do local e enviar para a autarquia, para que o município diligencie a remoção do electrodoméstico. Quem fala de monos, fala de verdes. Exemplos potenciados para quem tem a tecnologia à distância de um «clique». Ou dois...
TEXTO l Roberto Dores
«Temos que trazer a tecnologia para o dia-a-dia», alertou o presidente da Agência de Desenvolvimento Regional do Alentejo (ADRAL), João Maria Grilo, para quem o exemplo da recolha do lixo serve para ilustrar a importância dos vários concelhos da região perceberem que é chegada a hora de «incorporar tecnologia», para optimizar circuitos, mesmo antes de resolver alguns dos problemas no terreno.
O dirigente explicou: «Com isto, fico a saber onde vou e se preciso de ir mais ou menos vezes. Ou como é que chego mais depressa aos monos ou aos verdes que estão na rua?», questionou, assumindo que é fundamental envolver os munícipes neste processo, contribuindo para criar essa informação «em qualquer ponto do nosso território».
João Maria Grilo ressalvou que o exemplo do lixo pode ser replicado em outra valências municipais, em empresas e instituições. «A tecnologia serve para gerar melhores resultados e transformar a vida das pessoas», acrescentou, após ter participado na sessão de abertura da conferência Smart Cities, Smart Future ao lado de Carmen Carvalheira, vice-presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional, e Soumodip Sarkar, presidente do Parque do Alentejo de Ciência e Tecnologia, em Évora, onde decorre o evento até esta sexta-feira
O presidente da ADRAL defendeu a importância da tecnologia para melhorar a vida das pessoas, recordando que aos dias de hoje não são apenas os países mais ricos que têm tecnologia. «Ela pode estar sedeada e ser trabalhada em qualquer ponto do mundo», disse, enfatizando que o Alentejo tem condições para «desenvolver projectos, ideias e respostas ao nível de qualquer outro ponto do mundo».
«Temos tudo para sermos auto-suficientes em termos energéticos e exportadores de energia»
A transição energética também esteve na linha da abordagem de João Maria Grilo, para quem o Alentejo está hoje numa posição privilegiada, ocupando mesmo a linha da frente a nível mundial rumo à produção energética.
«O Alentejo pode ser exemplo de referência do estilo de vida deste século»
«Temos uma riqueza associada às energias renováveis, o sol, vento e água do Oceano. Temos tudo para sermos auto-suficientes em termos energéticos e exportadores de energia. Isso dá-nos um posicionamento para o desenvolvimento de tecnologias associadas e de melhores respostas para a população", frisou.
João Maria Grilo destacou ainda a capacidade para gerir processos de armazenamento de dados. «No mundo tecnológico, os dados são fundamentais. O Alentejo também se está a posicionar muito bem para gerir dados e depois utilizá-los», acrescentou, relembrando outros tempos em que a região passou ao lado de algumas transformações energéticas e industriais.
«Para o futuro não podemos ficar atrás de ninguém. O Alentejo pode ser exemplo de referência do estilo de vida deste século, em respeito pela sustentabilidade económica e tecnológica com a utilização dos recursos naturais», resumiu o presidente da ADRAL.