Fundo azul. Vieira e seta amarelas. A sinalética vai começar a ser encontrada entre Badajoz, Elvas, Vila Viçosa, Borba e Estremoz. Sobretudo, por estradas secundárias e descampados da região. A concha de que se fala traduz (ver mais abaixo) um dos símbolos mais emblemáticos que conduz os peregrinos pelos caminhos até Santiago de Compostela.
Nos últimos três dias, a sinalética já foi instalada ao longo do percurso de Badajoz a Elvas, sendo os símbolos visíveis nos núcleos urbanos, por onde se espera que a partir de Setembro comecem a passar os peregrinos, segundo Pedro Beato, representante da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo
«Como a região é muito quente, é provável que a maior afluência de peregrinos se «faça entre Setembro e Maio, com interrupção no mês do Natal", sublinha, vaticinando que o traçado entre Badajoz e Estremoz - que fará a ligação ao Caminho da Raia e ao Caminho Português Nascente - seja ponto de passagem de «milhares de pessoas».
Pedro Beato, da ERT, durante a aplicação da sinalética em Badajoz
Pedro Beato avança que o desafio que a região tem pela frente justifica a promoção de acções de sensibilização «junto da comunidade, empresários e técnicos de turismo das autarquias alentejanas», alertando que «é preciso explicar como tudo isto funciona, quais são as oportunidades e o que, tradicionalmente, pretendem os peregrinos quando chegam aos nossos territórios.» As visitas ao património religioso estão sempre entre as preferências deste singular turismo.
Por exemplo, as unidades hoteleiras vão ser sensibilizadas para a necessidade de em alguns dias terem que servir os pequenos-almoços mais cedo, em função da hora de partida dos «caminheiros», mas também vai ser preciso adequar os albergues para responderem às necessidades de alojamento.
«Vamos também pedir à restauração, cafés e lojas que tenham os carimbos para as credenciais dos peregrinos, que é sempre um momento relevante, porque identifica aquele sítio em concreto e isso potencia a actividade económica», assinala Pedro Beato, acrescentando que os «caminhos de Santiago» traduzem aos dias de hoje «a quebra da sazonalidade» no sector turístico para a região.
Recorda o mesmo representante que num ano normal, são mais de 300 mil os peregrinos que carimbam as credenciais, só em Santiago de Compostela. «E nem todos o fazem, porque é preciso esperar muito tempo para conseguir o carimbo. Mas isto mostra os milhares de pessoas que estes caminhos envolvem, seguindo o espírito jacobeu", insiste.
Porque é a concha tão importante para os peregrinos?
Diz-se que este símbolo é uma metáfora, na medida em que as suas linhas representam os diferentes caminhos percorridos pelos peregrinos de todo o mundo, que conduzem a um ponto, o túmulo de São Tiago em Santiago de Compostela.
A Vieira pode ser encontrada em marcos ao longo do caminho, orientando os peregrinos na direcção correcta. Assim como na era medieval, muitos peregrinos usavam a Vieira presa ao pescoço ou nas costas para facilmente serem identificados e garantir que seguissem sempre o caminho certo.
Ao longo do caminho a Santiago de Compostela, pode encontrar inúmeras Vieiras em lojas de souvenirs. Ao voltar a casa esses amuletos servirão como um pretexto para contar a sua experiência àqueles que têm interesse em percorrer o caminho ou mesmo às pessoas que já o percorreram.
Além da Vieira, existem mais quatro símbolos que podem ser encontrados ao longo do Caminho:
SETA AMARELA: este é um símbolo muito popular entre os actuais peregrinos como um elemento orientador do percurso a seguir. Nos dias de hoje, a utilização desta seta está presente em quase todos os caminhos rumo a Santiago de Compostela.
CRUZ DE SANTIAGO: este é o símbolo do cristianismo e da protecção de Deus. O branco representa a pureza e o vermelho simboliza o sangue de Cristo.
CABAÇA: Refere-se ao sistema de transporte de água utilizado pelos antigos peregrinos na época medieval durante o Caminho. Este era um equipamento básico para as peregrinações, tornando-se assim um dos principais símbolos do Caminho de Santiago
BOTAFUMEIRO: É o famoso incensário da Catedral de Santiago de Compostela. O incenso é queimado neste recipiente de metal à medida em que é balançado. Este momento está associado à meta, mas é também um símbolo religioso, uma vez que se acredita que o seu fumo sobe ao céu juntamente com os pedidos e acções de graças dos peregrinos até Deus.
