2022-04-15

«Zequinha» tem três meses mas já está a aprender a guardar o rebanho

 
Está no ovil meio disfarçado entre o rebanho de jovens ovelhas para aprender a arte de guardar os borregos no Monte da Sancha, ali para os lados de Arronches. Chama-se «Zequinha», tem três meses e é um rafeiro alentejano em regime de «estágio» para um dia destes entrar ao serviço.

«Começa cedo para conhecer o ambiente. É engraçado que, apesar de ainda ser cachorro, já dá sinal quando acha que há alguma coisa estranha no ovil», explica a produtora Inês Dragão, enquanto ali perto as mães ovelhas chamam pelas crias a plenos pulmões.

Monte de Sancha, Arronches. Já amanheceu e é hora de lançar mãos ao trabalho 

É assim todas as manhãs. Escutemos a explicação do fenómeno: «Elas dormem juntas no ovil com os filhos, para se protegerem dos predadores. Quando vêm pastar, vêm encegueiradas com o verde, de que gostam muito, e os filhos ficam para trás. Quando chegam a este local começam a chamar os filhos e eles respondem», relata a produtora. 

Contudo, só pelo cheiro é que as ovelhas conseguem tirar a prova dos 9. Algumas tinham três e quatro crias à sua volta, mas nenhuma delas era a sua. «Daqui a meia hora está tudo sossegado, porque já os encontraram todos».

No regresso ao ovil repete-se esta espécie de ritual, que traduz, afinal, um comportamento  muito semelhante à natureza humana. «Sobretudo a partir do segundo parto tornam-se mães extremosas e protectoras dos filhos», explica Inês Dragão. 

 

Inês Dragão elogia o trabalho do Pasto Alentejano e revela os novos desafios

É tempo de Páscoa, mas aos dias de hoje a Semana Santa já não tem influência na produção de borregos. A exportação ajudou, definitivamente, o sector a dar o salto. «Há uns anos o borrego nem tinha preço ao quilo. Era vendido à unidade por compradores que canalizavam borregos para matadouros».

E hoje? «Temos a mais-valia de termos o Pasto Alentejano, que aposta na forma como nós fazemos os nossos borregos e valorizam-nos. Quando passam para a empresa do Pasto Alentejano são engordados, dando continuidade ao que nós criámos de uma forma muito seleccionada». Ou seja, a produtora sublinha que o borrego vai para o mercado com «a qualidade que foi iniciada nas casas dos produtores». 

A prioridade é dada à alimentação das ovelhas para garantir bons borregos do campo até à mesa. No Monte da Sancha são vendidos à ordem de mil animais por ano, mas a partir de 2022 o aumento do efectivo para cerca de mil ovelhas vai permitir colocar no mercado 1700 borregos anuais.

 
TEXTO Roberto Dores

[label_related]

« Back