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Pandemia agravou violência doméstica e exposição em Estremoz apela à denúncia

«A vítima tem que compreender que não está sozinha. Tem sempre alguém do outro lado para a amparar»

   O alerta foi deixado esta quinta-feira pela comandante da Esquadra Complexa da PSP de Estremoz, Ana Ribeirinho, sublinhando que o caminho mais curto para erradicar a violência doméstica passa pela denúncia. «Não precisa de ser feita pela vítima. Pode ser um familiar, um parente. É um crime público», encorajou a mesma responsável.


   A comandante falava durante a inauguração da exposição «Rostos com fala», que pode ser visitada na escadaria da Câmara de Estremoz, onde são abordadas diferentes formas deste flagelo social que «tem aumentado nos últimos tempos», reforçou, recebendo da autarquia a garantia de que será aliada neste «combate». O presidente, José Daniel Sádio, e a vice-presidente, Sónia Caldeira, foram os anfitriões. 

   
   Escutemos Ana Ribeirinho: «O problema dos confinamentos, devido à covid-19, veio aumentar a violência. As pessoas começaram a andar ansiosas e em depressão, vindo a refugiar-se no álcool. Algumas pessoas já eram agressoras, mas não estavam evidenciadas. Começaram a manifestar-se com a pandemia e a agredir de várias formas», relatou ao Sul Ibérico, relembrando que a violência doméstica vai para lá da agressão física.

  
   Deu o exemplo da agressão económica, sem perder de vista as questões sociais relacionadas com mutilação ou casamentos forçados. 


   É também por esta causa que a Câmara de Estremoz se juntou à acção de sensibilização da PSP, abrindo portas aos «Rostos com fala». Explicou a vice-presidente, Sónia Caldeira que o município está empenhado em trabalhar nesta temática. A Câmara já tem em marcha o Plano para a Igualdade, anunciando para dia 7 - ainda com a exposição aberta ao público - a visita à cidade da presidente da Comissão de Igualdade de Género, para assinar o protocolo com esta instituição.
 
   E o que pretende o Plano para a Igualdade? «Numa primeira instância vamos fazer um diagnóstico das condições de igualdade de género ao nível dos funcionários do município. Queremos alterar, ao nível do trabalho, algumas situações de desigualdades que existem entre homem e mulher», revelou a autarca, avançando que o plano será transversal à «comunidade estremocense».
  
   
   Sónia Caldeira referiu que este flagelo diz respeito a toda a sociedade, assumindo que a própria autarquia tem um papel relevante no combate à violência doméstica, cabendo-lhe «despertar a atenção dos munícipes para estas preocupações que existem em todas as faixas da população e que, muitas vezes, passam despercebidas. Quer nas escolas, quer nos locais de trabalho. É preciso estar atento, não deixar passar e ter capacidade de denunciar", concluiu.
 

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